sábado, dezembro 05, 2009

A gente ri-se mesmo à brava!

"A partir de agora vou começar a falar com os pés", avisou Futre quando chegou ao Benfica. Como sabemos, muitos lhe têm seguido o exemplo. Há os que gostam de paradoxos. Jaime Pacheco, por exemplo: "Vamos jogar ao ataque, fechadinhos cá atrás." Ou Petit: "Ambicionar o primeiro lugar não é o mesmo que falar de título." E Jesus, desafiando as leis da geometria diante dos jogadores do Belenenses: "Vocês os três façam um quadrado." E com a língua portuguesa, tal como no futebol, há que ser inventivo. Sem esquecer Cajuda, que lamentou a "infelizmência futebolística", a melhor é mesmo a de Litos: "Jogar à defesa pode ser uma faca de dois legumes."

E os poetas, essa alegria da bola. Ainda Cajuda: "Eu sou o C'ajuda. Os outros são os que trabalham." Mais sofisticado, Álvaro Magalhães relatou-nos a conversa que tivera com o jogador Denis Putnik: "Tive uma conversa com o jogador e o homem e este último disse-me que podia contar com o primeiro." Mas no domínio da língua portuguesa todos tentaram e nenhum superou Manuel Machado: "Estamos cada vez mais monocórdicos no que concerne ao futebol e suas nuances classificativas."

Mas poesia não é fantasia. Explicou o Professor Neca: "O empate é melhor do que a derrota. Melhor do que o empate só a vitória." E Humberto Coelho apanhou o estilo: "O Salgueiros defende quando não tem a bola e ataca quando a tem."

Gostou? É apenas um cheirinho de "30 anos de mau futebol", um livro de João Pombeiro (com ilustrações de Pedro Vieira) sobre as pérolas e as "infelizmências" do futebol. Porque, como dizia mais uma vez Cajuda, "no futebol português ganha-se pouco mas a gente ri-se à brava".

autor - Daniel Oliveira, record.pt

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