sexta-feira, março 26, 2010

100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 3


Rivalidade Porto-Lisboa

...Percebe-se melhor a posição dos lisboetas nas palavras do seu director, Salvador do Carmo, publicadas no Sports: "Neutro não pode só ser considerado o campo onde se joga. Neutro tem de ser o próprio público, o ambiente, de forma que não haja qualquer factor que possa ter influência no resultado". E mais à frente, de modo esclarecedor, o mesmo director belenense declara: "O Porto é abertamente contra nós! É declaradamente contra Lisboa!". Pela mesma altura, um dirigente do F. C. Porto declarava ao Diário de Notícias de Lisboa (a propósito do jogo com o Marítimo) que o seu clube não jogaria mais em Lisboa, usando argumentos semelhantes.
Em qualquer lado

Da parte do Marítimo a situação é, desde o princípio, clara. O jogo está antecipadamente marcado e essa determinação deve prevalecer sobre a vontade de qualquer um dos finalistas. Mas o Marítimo joga onde a ‘União’ mandar ... O Dr. António Pita, delegado do clube junto da ‘União’, afiança, na mesma edição do ‘Sports’, que "o Marítimo é um clube disciplinado, joga onde a ‘União’ o mandar jogar. Nisto se resume a sua atitude". Uma posição complementada com 57 Os capitães Domingos Vasconcelos (Marítimo) e Augusto Silva (Belenenses), na antevisão ao encontro da final. a seguinte declaração: "Mas a ‘União’ há-de mandar! Porque o Marítimo não entra em negociações. Acata ordens ... mais nada". Face à insistência do jornalista, o delegado do Marítimo confirma a disponibilidade do clube para jogar em qualquer lado. Mesmo em Lisboa. "Mas o que queremos também é que a União cumpra os Regulamentos. Se não o fizer, lá estaremos a pedir-lhes responsabilidades. A não ser ... que ela tenha justificado previamente o seu procedimento", esclarece António Pita.

Hesitações e Adiamento

Esta posição é, de algum modo, coincidente com a posição assumida pelo Belenenses, que pela voz de Salvador Pais, garante disponibilidade do clube azul para jogar em qualquer parte. Excepto na cidade onde o jogo deveria, por força regulamentar, realizar-se. A hipótese de jogar no Funchal, tão irrealista quanto indesejada, chega a ser admitida pelo dirigente belenense. Qualquer outra cidade do país – a do Porto excluída – seria incondicionalmente aceite. Em último caso ... pois que se atravessasse o Atlântico, rumo à Madeira. O certo é que, independentemente da manifesta impossibilidade de alterar o local previamente determinado para disputar a final, o Belenenses, fazendo uso de uma força estranha à regulamentação, conseguiu impor o adiamento do jogo por uma semana.
Augusto Silva

Entretanto, Augusto Silva, ‘capitão’ do campeão de Lisboa, vai melhorando da grave lesão sofrida num braço. A qual o tinha impedido de marcar presença no jogo com o Olhanense. Na antevisão do Diário de Notícias de Lisboa (23/5/26) dessa meia-final entre Belenenses e Olhanense, pode ler-se que ‘o desastre sucedido a Augusto Silva enfraqueceu sobremaneira o seu onze de honra’. A lesão do jogador belenense aconteceu na disputa do jogo de qualificação para as meias-finais, frente ao Sporting de Espinho. Com a semana de adiamento da final a disputar com o Marítimo, Augusto Silva recupera e vai marcar presença no jogo. E nela terá um papel, para o bem e para o mal, determinante.

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