domingo, abril 04, 2010

100 Verde Rubros Anos - Capítulo V, Parte 1


Fortalecendo Raízes
Conquistado o título máximo do futebol português, o Club Sport Marítimo encara o futuro com entusiasmo. Estava confirmada, dentro de campo, a capacidade e qualidade dos seus jogadores e do seu futebol. Havia agora que consolidar e dar continuidade às posições alcançadas em 16 anos de existência. Apesar dos êxitos, esse percurso não será fácil. Como sempre, surgirão inesperadas dificuldades. Movidas pelos adversários tradicionais. Advindas de incompreensões locais ou geradas a nível nacional. O Marítimo enfrentará batalhas nunca antes imaginadas. A ‘alma de campeão’ alimenta a superação. Mesmo quando os adversários foram poderosos. Mesmo quando os problemas pareciam insolúveis. Mesmo quando tudo parecia desmoronar-se. Nas fraquezas foram inventadas forças para manter levantada a bandeira verde-rubra e dignificada a representação do futebol da Madeira. Os títulos de nível nacional não surgirão tão rapidamente quanto eram desejados e, comprovadamente, estavam ao alcance do nível futebolístico que as diversas equipas do Marítimo tinham apresentado até então e apresentarão ao longo das épocas seguintes. Será preciso esperar mais de 20 anos para que, na célebre digressão a África sob administração portuguesa, os feitos dos verde-rubros voltem a ter a dimensão que um passado tão honroso reclamava. Essa digressão aconteceu em 1950. Até que ela chegue, há muito para contar ...
No Campeonato de Portugal
No período que medeia entre a época 1925/26 e essa fantástica digressão africana, realizada em 1950, o representante da Madeira só terá direito a participar no campeonato de Portugal até a época 1938/39. Daí em diante, instituído que fora um campeonato ‘nacional’ só para os clubes continentais, restará a Taça de Portugal; até que o Marítimo se intrometa definitivamente nas provas nacionais, já na década de 70, a presença madeirense nas provas do futebol português ficará limitada a essa prova secundária. Depois de se ter sagrado campeão de Portugal, o Marítimo vai marcar presença por mais nove vezes na prova (1926/27, 1928/29, 1929/30, 1930/31, 1931/32, 1932/33, 1935/36, 1936/37 e 1938/38) entre as 13 participações reservadas à Madeira. Somadas às quatro participações anteriores (1922/23, 1923/24, 1924/25 e 1925/26), temos que o clube teve de assumir, por força das suas conquistas regionais, 13 participações no campeonato de Portugal, num total das 17 a que a Madeira teve direito.
Desforra 'desada'

Logo na época seguinte à conquista do título, o Marítimo volta a ter pela frente o mesmo Belenenses que derrotara na cidade Invicta. A ‘desforra’ dos lisboetas foi dura: derrotam o campeão em título por 8-1. Foi uma vitória incontestada. Mas também facilitada por uma série de circunstâncias que enfraqueceram o Marítimo – ausência de dois jogadores importantes na equipa (Ranfão e Janota), deslocação tardia de outros, local da realização do encontro (campo do Lumiar, o ‘pior’ para os madeirenses). Que se saiba, desta feita a formação lisboeta não criticou o local de realização da eliminatória. Afinal, jogar em ‘casa’ é que é bom. Até para o Carcavelinhos, que, em confronto particular, vence o Marítimo por 2-1. Da presença em Lisboa salvou-se a vitória sobre uma formação de jornalistas. 7- 0, para demonstrar que é mais fácil escrever sobre um jogo que jogá-lo ... Na época seguinte (1927/28), o Marítimo ficará ausente do campeonato de Portugal pela primeira vez. O apuramento da equipa madeirense passa a ser feito através de um Torneio de Qualificação – conduzindo à desvalorização do campeonato da Madeira – no qual o já extinto Império elimina o clube. Foi a sua primeira vitória sobre os verde-rubros.
Novas Regras

Além desta nova forma de apuramento do representante da Madeira ao campeonato de Portugal, as épocas seguintes vão trazer novas regras que significarão, na prática, maiores barreiras para uma eventual reconquista do título nacional. A primeira dessas regras foi a entrada do representante da Madeira nos quartos-de-final do campeonato, primeiro a uma ‘mão’ (1928/29) e depois a duas (a partir de 1929/30). A segunda surge na época 1932/33, com a criação de uma pré- -eliminatória de apuramento, a um jogo, com o campeão açoriano. Fica estabelecido que esse confronto se realizará alternadamente nos Açores e na Madeira.

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