Confrontos animados
Apesar de derrotado na primeira eliminatória, as restantes presenças do Marítimo no campeonato de Portugal foram quase sempre animados confrontos com as formações continentais. Quanto à eliminatória insular, registe- se que o Marítimo dela saiu sempre vencedor. Um Vitória de Setúbal em crescendo afasta os verde-rubros em 1928/29 (0-3); um temível Porto impõe-se, após um nulo em Lisboa, por 3-2, na sua ‘casa’ (1931/32); em 1936/37, um Benfica forte só desfaz dúvidas na segunda mão (2-3 e 0-3); um Sporting ganhador vence por 3-1, mas sofre para evitar o jogo de desempate – o Marítimo vence a ‘segunda mão’ por 1-0. Em 1929/30 a presença na meia- -final só escapou ao clube por razões extraordinárias. O adversário foi o Belenenses. Ao empate a zeros da primeira mão, segue-se a vitória lisboeta por 2-1. Mas os árbitros de ambas as partidas prejudicaram o Marítimo de forma escandalosa. No primeiro jogos anulam-se-lhe dois golos limpos; no segundo, o avançado lisboeta Pepe garante a vitória com a mão.
Resistindo à crise
Voltemos ao futebol que se vai fazendo na Madeira. Fruto natural da evolução, os adversários locais estavam agora melhor preparados. Todos faziam do Marítimo, compreensiva e legitimamente, o ‘alvo desportivo’ a abater. E da parte do clube nem sempre houve capacidade para dar as melhores respostas às batalhas que se impunha travar. Assim se compreende que o clube sofra, na época que antecede as suas Bodas de Prata, uma profunda crise. As raízes dessa crise mergulham na polémica à volta da construção de um campo que substituísse o campo Almirante Reis. Essa era uma expectativa que animava a totalidade dos dirigentes dos clubes da Madeira. Apesar dessa vontade colectiva, o Nacional decide avançar isolado para essa construção. E não só vai conclui-la como conseguir torná-la ‘campo oficial’ de todos os jogos das provas regionais. Esta situação contrastava com a do campo Almirante Reis, que não era propriedade de nenhum clube e cuja utilização não tinha encargos adicionais. Ao contrário, o novo campo dos Barreiros é ‘alugado’ à Associação de Futebol para a realização de jogos oficiais a troco de contrapartidas que chegam a ser de 35% das receitas. A situação económica dos clubes agrava- -se, mercê dos encargos advindos da deslocação de jogadores e materiais para um local afastado do centro da cidade. Para já não se falar da diminuição do número de assistentes às partidas, com a consequente quebra de receitas.
Reacção compreensivel
É neste contexto de dificuldades e na comprovada inviabilidade da obra nacionalista, que Marítimo, União e Império se põem de acordo para a eleição de elementos para a direcção da Associação de Futebol que defendam a reabertura do campo Almirante Reis aos treinos dos clubes e a jogos oficiais. Pelo caminho os unionistas mudam de opinião e juntam-se ao Nacional. A 29 de Setembro de 1933 realizam-se as ditas eleições. Não se conseguem eleger três elementos, por empate de votos. Só em Novembro desse ano o problema será resolvido. A favor da aliança Nacional-União. Marítimo e Império questionam a legalidade da Assembleia que elege os dirigentes em falta, uma vez que essa eleição acontece na sua ausência, o que levantava a questão da existência de quorum. Os dois clubes, convencidos da sua razão, recorrem para a Federação, através de missiva que a direcção associativa em funções retém por tempo exagerado. Mais tarde, a Federação viria a declarar improcedente a petição de Marítimo e Império, e a recomendar a conciliação das partes em litígio.
Jogadores a saque
Entretanto, já tinha sido disputado um ‘campeonato da Madeira’, com a participação exclusiva de Nacional e União – sem a participação de Marítimo e Império. E com uma agravante: os jogadores dos dois clubes foram considerados livres e inscritos por outras colectividades. Havia ainda a possibilidade de participação nas restantes provas associativas? Marítimo e Império avaliam a disponibilidade de efectivos. Era possível organizar uma equipa verderubra. Mas do Império não. E por solidariedade, o Marítimo mantém-se de fora da competição oficial regional. As restantes provas oficiais fazem- -se com três clubes: a Nacional e União, junta-se o Automobilista, clube apressada e administrativamente promovido à divisão principal do futebol regional.
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