segunda-feira, abril 26, 2010

100 Verde-Rubros Anos - Capítulo VI, Parte 2

Primeiras Vitórias

No dia 9 de Setembro realiza-se o primeiro dos 13 encontros ‘africanos’ do Marítimo. O adversário é o Sporting Clube de Lourenço Marques e a taça em disputa chama-se, significativamente, ‘João Gonçalves Zarco’. Apesar do clube local possuir uma equipa forte e evoluída, o Marítimo impõe-se por 4-1. No dia seguinte, nova vitória, desta feita sobre a Selecção de Durban, uma formação considerada superior ao Sporting local, mas que é derrotada pelos mesmos números. Os planos iniciais da digressão estabeleciam que, dos quatro jogos a realizar em Moçambique, dois seriam em Lourenço Marques e outros dois na cidade da Beira. Porém, limitações de diversa ordem obrigaram a que a totalidade desse encontros tivessem lugar na capital moçambicana.
Derrota sofrida

Assim, o terceiro encontro, disputado no dia 16, opõe aos maritimistas os ‘Naturais de Moçambique’. Este conjunto vai impor a única derrota que o Marítimo conhecerá em toda a digressão, como de resto fizera, um mês antes, ao Sport Lisboa e Benfica, a quem derrotara por 3-1. Este jogo ‘Naturais de Moçambique’ – Marítimo acaba com o marcador a assinalar 5-4 para os locais. Os jogadores queixaram-se da arbitragem; os directores preferem colocar a ênfase no valor do adversário. Mas a verdade é que o clube foi prejudicado. Como relatou, na apreciação ao jogo, o jornal ‘União’:

"Pelo jogo desenvolvido o triunfo foi justo. Mas há que ter em consideração diversos factores, que influíram poderosamente no ânimo dos visitantes que, estando a ganhar por 2-1, viram o esférico transpor o risco fatal da baliza adversária, sem que o árbitro assinalasse tento, para depois validar um outro obtido, parece, depois dos 45 minutos iniciais regulamentares. Porém, o cúmulo, foi a validação dum suposto terceiro ponto, que levou um conceituado crítico desportivo local a escrever no seu jornal, o «Lourenço Marques Guardian», o seguinte: ‘A arbitragem, além da validação do terceiro golo (e não se admite que o árbitro não tenha visto uma jogada como aquela, em que dois homens estavam bem para lá da linha defensiva) pecou por bairrismo notório ..."
Sentindo-se injustiçados, os jogadores verde-rubros aplicam-se a fundo para, no dia seguinte, derrotar, por quatro bolas sem resposta, a mesma equipa dos ‘Naturais de Moçambique’, reforçada por três naturais da ‘metrópole’.
Alegria Madeirense

Das inúmeras manifestações de amizade e simpatia que rodearam a presença do Marítimo em Moçambique, o maior destaque foi para o banquete de confraternização organizado pela Casa da Madeira de Lourenço Marques. A grande maioria dos madeirenses que vivem na capital e arredores juntam- se à comitiva, dando continuidade aos emocionados contactos que se tinham iniciado na recepção oferecida pela mesma entidade. Fala-se da terra-mãe. À medida que se descobrem laços de familiaridade e se confirmam notícias das raízes deixadas na Ilha, não são poucos, entre visitantes e visitados, os que choram.
Nova Lisboa

Cumprida a missão em Moçambique, a caravana verde-rubra inicia o regresso a Angola. O destino mais exacto é Nova Lisboa, no planalto de Benguela, onde a 21 de Setembro se realiza um jogo entre a Selecção local e o Marítimo. A vitória verde-rubra (4-2) é incontestada mas difícil. Os jogadores madeirenses experimentam dificuldades para jogar num campo situado 1800 metros acima do nível do mar, para mais tendo pela frente um conjunto adaptado a essas circunstâncias. O programa social reveste-se da onda de simpatia que o Marítimo encontra em toda a digressão. Colonos madeirenses e de outras partes do país, com particular destaque para aqueles que estão directamente vinculados à organização, honram a embaixada madeirense com gestos de simpatia.

Sem comentários: