domingo, maio 09, 2010

100 Verde-Rubros Anos - Capítulo VI, Parte 7


Terra firme

Depois de se terem deixado fotografar a bordo com os espólio de trofeus conquistados e já glorificados pelos cumprimentos e saudações das entidades e personalidades que tiveram acesso ao Império, os jogadores do Marítimo pisam terra firme. Mas tremem-se-lhes as pernas. Muitos voltam a misturar lágrimas com sorrisos. E todos querem saber como será possível ultrapassar a multidão que os aguarda. São os amigos, os conhecidos, os adversários de outras jornadas, os cidadãos indistintos, todos juntos no aperto de mãos, no abraço caloroso. A digressão ainda tem mais essa etapa para ser vencida – romper a multidão que enche o cais da cidade, subir a Avenida Zarco, e seguir até à Igreja do Socorro, onde será cumprido o voto a Nossa Senhora do Socorro, feito no dia da partida. E como o ‘Diário’ previra a caminhada é lenta, feita sob palmas, flores, vivas ao campeão e cantos de hinos e marchas do Marítimo. Após a missa, apesar da noite já ter caído, a caravana, sempre rodeada de uma multidão que dá largas a uma incontida alegria, dirige-se para a festa que terá lugar na sede do Clube. O primeiro orador da noite é o presidente da Assembleia Geral, dr. Álvaro Reis Gomes. Seguiram-se intervenções do Delegado dos Desportos na Madeira, do representante da Associação de Futebol do Funchal, da vereação da Câmara Municipal do Funchal. E de António Maria Fernandes Nunes, em representação do Clube Desportivo Nacional.
Lá vêm, Lá vêm...

No fim da noite já toda a gente sabe de cor a nova marca do Marítimo, que é cantada um pouco por todo o lado: ‘Lá vêm, lá vêm, os nossos ‘maravilhas’, os ‘endiabrados’, campeões das Ilhas ...’. E a letra prossegue, garantindo que ‘não há outro igual, como o Marítimo, o mais popular’. Mas essa convicção não se mistura com sobranceria ou menosprezo pelos adversários. Como fica evidente na cerimónia realizada na sede, quando são entregues aos representantes dos clubes da divisão de honra do futebol madeirense (Nacional, União e Sporting), presentes adquiridos, propositadamente com esse fim, na digressão. A zona velha da cidade viveu das suas mais felizes festas de sempre. Além da sede do Marítimo, permaneceram abertos e iluminados, durante a noite, um sem número de estabelecimentos comerciais e casas particulares, onde agora se revive cada passo da digressão pela boca dos seus intérpretes – os jogadores do Marítimo.
Glória e ambição

A 9 de Novembro, um banquete no Hotel Savoy reúne mais de trezentos participantes. As entidades oficiais e desportivas marcam presença, conferindo ao acto a solenidade que os feitos desportivos do clube justificam. Uma semana depois, as direcções de Nacional, União e Sporting da Madeira oferecem à sua congénere maritimista, ao director da caravana e ao capitão de equipa, um jantar. À medida que as comemorações se vão esgotando, aumenta a ambição verde-rubra. E, tal qual acontecera na sequência da obtenção dos brilhantes resultados obtidos frente às ‘grandes’ equipas continentais que o clube defrontara pouco tempo antes, persiste a interrogação: até poderá ir este Marítimo se o deixarem voar?

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