Subida a Pulso Para que ficasse garantido no plano regulamentar – no congresso da Federação – e dentro de campo – por via da conquista do título de campeão da Madeira da época 1972/73 – o direito à disputa do acesso à II divisão nacional, o Marítimo enfrentou a oposição dos adversários madeirenses potencialmente interessados em alcançar idêntico patamar. Dessa oposição resultarão contratempos e dificuldades com que o clube contava, mas cujas consequências tiveram o condão de tornar o processo ainda mais complexo. O Marítimo adoptou uma posição cautelosa junto das entidades desportivas regionais e nacionais, marcada essencialmente pela permanente disposição para negociar o melhor acordo possível. Olhando além das razões que lhe assistiam, o clube soube entender que se impunha laborar nos ténues limites tolerados pelos detentores da capacidade final de decisão. O espaço de manobra era curto. Em contraponto, o crescente entusiasmo da massa associativa pela solução que se aproximava, bem como as potencialidades que esse entusiasmo deixava antever, constituirão um forte alento para que não se esmoreça perante sucessivas barreiras e armadilhas. Aponte-se, por fim, as dificuldades advindas de ser ‘proibido’ falhar. A posição final a ocupar (III ou II divisão) dependia da prestação de uma equipa que está ‘condenada’ a vencer. Esta era uma condicionante nova – já não se tratava de replicar da melhor maneira às turmas continentais, sem qualquer consequência que não fosse o resultado do jogo em si mesmo. Agora era mais que isso: era imperioso não falhar. A entrada na II divisão fica comprometida com os resultados obtidos. Será o alargamento deste escalão, decidida por razões de todo alheias aos interesses do Marítimo, que colocará o clube nesse campeonato, a partir da época 1973/74. Até que aconteça, passadas quatro épocas, a subida à divisão maior do futebol português, registe- se quanto custou lá chegar.
Representação Corajosa A representação dos interesses do futebol madeirense junto da Federação Portuguesa de Futebol vinha contando, desde meados de 1972, com um novo e distinto intérprete – Artur Agostinho. Homem prestigiado da televisão e da rádio nacionais, à data director do ‘Record’, reconhece-se-lhe, apesar de não ser madeirense, capacidade para defender com independência e rigor as posições da Associação de Futebol do Funchal junto do poder desportivo central. Na sua primeira participação num congresso federativo, o novo delegado ‘madeirense’ defende de forma inteligente as posições e propostas da Associação do Funchal, conduzindo as decisões da reunião para uma solução que, por cá, é entendida como uma vitória – o campeão da Madeira da época 1972/73 disputará a ‘liguilla’ III/II divisões, tendo direito a, na época seguinte, participar no campeonato nacional da divisão que a classificação na prova ditar.
Todos Habilitados Os clubes da divisão de honra do futebol madeirense ficam, assim, todos habilitados à disputa do acesso às provas nacionais. Era a solução possível, apesar de ter sido o Marítimo que declarara inequivocamente e desde sempre a sua total disponibilidade para se integrar nessas provas. Mesmo que tivesse de começar pela III divisão, o clube estava disposto a correr o risco de uma integração modesta, distante da consideração que entendia merecer o seu historial e mais arriscada do ponto de vista das receitas a realizar. Esta era uma posição de fundo, genuína, sincera. O Marítimo nem pretende que essa sua participação seja aceite como ‘uma representação da Madeira’. O que se pretende é que o clube possa exercer o direito de ser mais um dos clubes concorrentes a essas provas nacionais. Era a assunção clara de se afirmar com dimensão nacional.
Aliança N-S-U Mas era também a resposta às promessas, nunca concretizadas, de fusão dos outros três clubes funchalenses que participavam na divisão de honra do futebol madeirense – Nacional, Sporting e União. Os adeptos do futebol ‘brincam’ com semelhança da sigla do prometido ‘NSU’ e a marca de um automóvel ligeiro que, no momento, está em alta… O Marítimo não se opõe a esse objectivo dos seus rivais – apenas não lhes reconhece o pretendido estatuto de ‘clube representativo’. A eventual participação do ‘NSU’ em provas nacionais, ou a participação de qualquer outro clube, devia ser sempre entendida como a de mais um concorrente, neste caso da Madeira, às ditas provas.
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