segunda-feira, outubro 11, 2010

Bola Fora #1 - Esforço, Dedicação, Devoção e Fé


por Bruno Fernandes



Ser sportinguista é um pouco como ler a obra de Saramago. Muita gente se fascina por uma escrita diferente, que exige ao leitor uma capacidade de compreensão que vá ao encontro do esforço realizado na escrita da obra. Outros, não estão para isso, e o ódio figura-se como a “solução” mais fácil. No Sporting os mecanismos são identicos: quando se ganha, ama-se. Quando se perde, odeia-se e tudo é posto em causa. Sem querer ter uma visão redutora de como funciona a questão do sucesso no desporto, no Sporting tudo é aparentemente mais grave. O complexo de inferioridade é real, a escassez de recursos é real, assim como a dificuldade de se lidar com situações incomuns, sejam elas positivas ou negativas. Porém, é igualmente efectiva a existência de um clube eclético, com um historial desportivo bastante rico, com uma massa associativa de um potencial imenso e recursos “naturais” com um nível de aproveitamento questionável (falo obviamente das camadas jovens).


À 7ª jornada da Liga Sagres o Sporting figura-se como 10º classificado (com apenas 9 pontos) e com uma diferença assinalável para o líder Futebol Clube de Porto. Mais do mesmo. Um mau arranque de campeonato, com a contestação a subir até um tom justificável para um mero sportinguista impaciente, sedento de títulos, mas que com um par de boas exibições/resultados fica satisfeito. Para esses, o verdadeiro lema passa pelo Esforço, Dedicação, Devoção e Fé em vez da saudosa Glória. O porquê é dificilmente perceptível com análises superficiais. A crítica, quer à gestão do clube, quer à forma de actuar da massa associativa é de uso fácil e corrente. Se por um lado entendo que o clube deve ser dos sócios (e leia-se, os sócios são o principal activo de um clube como o Sporting), tendo estes toda a legitimidade de contestar as opções tomadas pelos seus dirigentes, também tenho de compreender que hoje em dia gerir esta instituição é colocar de forma propositada uma corda ao pescoço. À coragem, ao querer e ao acreditar têm de se juntar urgentemente resultados para que a “glória” volte de novo a fazer parte do vocabulário leonino.

Quando se ama, aplaudimos, vibramos, vaiamos, assobiamos, contestamos, estamos lá 365 dias por ano. Mas nunca podemos odiar ao ponto de criar dois lados de uma guerra em que os sportinguistas precisam de compreender que estão a lutar contra eles próprios.

NOTA: Bruno Fernandes é licenciado em Ciências da Comunicação pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, actualmente é mestrando também em Ciências da Comunicação. Sócio do Sporting Clube de Portugal e colega de curso de Hélder Teixeira, Jorge e Alexandre Correia.

3 comentários:

'stracci disse...

Gostei muito, senhor Bruno. E, meninos da Liga, é bem jogado terem estas participações "externas".

Hélder Teixeira disse...

Obrigado pelo comentário Sara*

Unknown disse...

=)