Disse ontem, neste espaço, que a principal favorita à vitória no contra-relógio por equipas era a Garmin-Cervélo. E não falhei. Quem conta nas suas fileiras com o britânico David Millar, com os norte-americanos Christian Vande Velde e David Zabriskie, com o canadiano Ryder Hesjedal, ou mesmo com o noruguês Thor Hushovd arrisca-se a triunfar nos “cronos” colectivos das diversas competições. O último, campeão do mundo, acabou mesmo por destronar Philippe Gilbert e “pintar de amarelo” a sua camisola branca com riscas em tons de arco-íris.
A formação americana foi a mais rápida a cumprir os 23 quilómetros em Les Essarts, com o tempo de 24m48s, logrando, finalmente, a primeira vitória deste género.
Tal como tinha vaticinado também, a Sky (3.ª), a Leopard Trek (4.ª) e a HTC-Highroad (5.ª) quedaram-se pelos primeiros lugares. A surpresa foi mesmo a BMC do australiano Cadel Evans, que chegou a 4s dos vencedores, revelando uma força pouco expectável, tendo até em conta as características dos seus ciclistas.
Não alinho pelo diapasão de que Contador tenha sido o derrotado do dia. Perdeu tempo para o seu principal rival, Andy Schleck, é certo. Mas, assumindo que a primeira equipa a partir tem sempre um papel ingrato e de dificuldade acrescida, 24s não são um mal maior para “El Pistolero”. A Saxo Bank-SunGard defendeu-se - fez 8.º lugar, recorde-se – e minimizou as perdas, capitalizando até o dia menos positivo de equipas como a Liquigas de Ivan Basso, a Lampre de Damiano Cunego, a Omega Pharma-Lotto de Jurgen Van den Broeck e, sobretudo, a Euskaltel de Samuel Sanchez.
O Tour vai agora arrefecer um pouco, com várias etapas propícias a chegadas massivas, sendo que Hushovd deve conservar a maillot jaune até ao próximo sábado, dada a eliminação das bonificações nas chegadas e nos sprints intermédios. Aí, com uma contagem de montanha de 3.ª categoria instalada na chegada em Super-Besse Sancy, creio que alguns dos favoritos vão querer mostrar as garras e dizer ao que vêm nesta edição do Tour. As diferenças serão escassas – aponto até Cadel Evans como provável líder no final da tirada – mas não me admiraria se Bjarne Riis desse carta-branca a Contador para começar a medir o pulso ao seus rivais.
Até lá, prevejo muito trabalho para a Garmin-Cervélo e, sobretudo, para a HTC-Highroad no controlo das fugas diárias e na preparação dos sprints. Mark Cavendish quererá repetir os sucessos de anos anteriores e, quanto a mim, tem condições para o fazer. Possui uma equipa com óptimos roladores e com lançadores de excelência. Bernhard Eisel, Matt Goss e o fiel escudeiro Mark Renshaw concorrem para o favoritismo do “Manx Express”. Contudo, Petacchi, Greipel, Farrar, Boonen e mesmo Hushovd estarão à espreita…
Octávio Lousada Oliveira
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