quarta-feira, março 31, 2010

100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 5

Mão para Penalty

Na primeira vez que o Marítimo vai à grande área azul é cometida grande penalidade. Não assinalada. José Ramos (Zé Pequeno) executa um cruzamento de que "nada resulta – senão uma mão da defesa belenenses, dentro da grande área mas que o árbitro não castiga", escreve-se n´‘Os Sports’. Este lance terá representado o início da ‘revolta’ madeirense contra o domínio lisboeta. Pouco depois será cometida nova grande penalidade pelo Belenenses. Não convertida. O intervalo chegaria com o resultado em branco, por falha dos verde-rubros. Antes do regresso às cabinas, Ortega lesionara-se em disputa de bola com um avançado azul e precisou ser socorrido. O jogo esteve interrompido por alguns momentos. Mas o final da primeira parte traz um domínio claro e perigoso do Marítimo.

Aproveitar Oportunidades

Na segunda parte foram os de Lisboa os primeiros a desperdiçar magnífica oportunidade para apontarem o primeiro tento da partida. O capitão belenense, Augusto Silva, ‘manda’ no jogo ... Na resposta, será obtido primeiro golo do Marítimo. É apontado um livre (a castigar o que é considerada a ‘maldade’ belenense) que vai embater na trave; na recarga surge o primeiro tento da partida, da autoria de José Fernandes (Bisugo). Estavam decorridos 10 minutos da segunda parte. Poucos minutos depois acontece o segundo golo. O extremo esquerdo do Marítimo recebe a bola do seu médio e efectua um magnífico centro. A bola é recolhida por José Ramos (Zé Pequeno), completamente isolado, que aponta sem hipótese de defesa para o guarda-redes lisboeta.
Augusto Silva de novo

Reagindo a total despropósito a este segundo golo, o capitão do Belenenses dirige-se ao árbitro, "segurando- o violentamente por um braço", como se pode ler na crónica do Diário de Notícias de Lisboa do dia seguinte ao jogo. E insultando-o, como o próprio viria a declarar. É ordenada a expulsão do capitão azul. Esta decisão não é respeitada. Augusto Silva insiste em manter-se em campo. O juiz da partida, impossibilitado de outra acção, consulta os dirigentes da União que assistem ao encontro, deslocando-se à respectiva tribuna. No regresso ao campo, volta a solicitar a saída de campo do jogador lisboeta. E volta a ser desobedecido. A situação caminha para um aparente impasse. Não se vislumbra outra solução que não seja a de dar o jogo por acabado. E considerar o Marítimo vencedor.

Público aplaude Marítimo

Apesar de desiludido com o desfecho antecipado da partida, o público compreende e acata a decisão do árbitro. Os jogadores do Belenenses retiram- se, finalmente, de campo. Os do Marítimo festejam entre si e são saudados por toda a assistência. Era o justo tributo aos vencedores. Mas, é a altura de se esclarecer, a propósito da polémica alimentada pelos belenenses quanto às preferências e isenção dos espectadores, que a imprensa da época é unânime na consideração de que, antes e no decurso da partida, os aplausos premiaram os melhores lances e os seus intérpretes, independentemente das cores das camisolas. Completamente convencidos das condições normais em que o jogo se disputou e sem qualquer argumento válido para contradizer a decisão do árbitro em dar o encontro por terminado, os responsáveis do Belenenses declaram, no final da partida, que não vão protestar o jogo… Os festejos da vitória verde-rubra começam logo no final da partida. Os jogadores madeirenses são levados em triunfo até ao hotel onde estavam alojados. Sucedem-se os cumprimentos e as felicitações de particulares e entidades oficiais.

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