domingo, março 28, 2010

França 1938 - Itália Vezes Dois

1938, era uma época conturbada, especialmente na Europa, o III Campeonato do Mundo de Futebol contou uma vez mais com recusas e desistências por parte de algumas selecções. Desde logo a Espanha que na altura era dizimada pela Guerra Civil, a Áustria acabou por desistir devido à invasão do exército nazi, a Inglaterra continuava a rejeitar participar no torneio, por ainda achar-se dona e senhora do desporto rei. Na América do Sul, Argentina e Uruguai declinaram representar-se, os primeiros por terem perdido a corrida a organização do Mundial, os segundos por considerarem que a FIFA estava a desrespeitar o princípio de alternância entre continentes. O Campeonato foi realizado em solo gaulês como forma de homenagear o criador da prova, Jules Rimet. Apesar da França estar mergulhada numa grave crise económica, conseguiu arranjar fundos para construir cinco novos estádios.

Jogo de abertura do França'38 entre Alemanha e Suíça.

Mais uma vez na Fase Final não houve grupos, pela primeira vez houve selecções que tiveram apuramento directo por ordem da FIFA, casos da França, país organizador, e Itália, campeã em título. Devido ao escasso número de participantes das Américas, Brasil e Cuba tiveram passaporte directo para a competição tal como as ìndias Orientais Holandesas (actual Indonésia), que inaugurou a presença de países asiáticos num Mundial. Os oitavos de final foram marcados pelo equilíbrio, excepto a Hungria que despachou os inexperientes indonésios por 6-0, e da Suécia que passou directamente aos quartos, pela impossibilidade da Áustria estar presente. Dois encontros só se resolveram no jogo de repetição, Cuba - Roménia e Suíça - Alemanha, a Itália e Checoslováquia apenas decidiram a passagem no prolongamento frente à Noruega e Holanda, respectivamente, destaque ainda para entre o Brasil e a Polónia, jogou que acabou com o sugestivo resultado de 6-5, com dois pokers, Leónidas (figura da prova) pela canarinha e Willmowski pelos polacos.

Giuseppe Meazza, Il Peppino, o capitão conduz uma vez mais Itália à vitória num Mundial.

Já nos quartos de final o anfitrião foi afastado pela Itália, pela primeira vez o país organizador não venceria o torneio, seria preciso esperar até 1966 para que esse facto voltasse a acontecer. No Brasil, Leónidas era figura de destaque e reafirmava a sua preponderância na equipa, ajudando a afastar a Checoslováquia. A Suécia esmagou Cuba por 8-0 e a Hungria bateu a Suíça.
Nas meias finais os magiares, com a sua fabulosa formação que contava com Szabo, Sarosi e Szengeller, afastaram a Suécia por expressivos 5-1. O outro jogo era uma final antecipada entre Itália e Brasil. O jogo de Marselha ficou marcado pela arrogância brasileira ao deixar descansar a sua maior estrela, Leónidas. Um erro que acabou por ser fatal, a Itália venceria fruto de uma grande penalidade duvidosa e chegaria assim à sua segunda final de um Campeonato do Mundo.

Itália vezes dois, sob os comandos de Vittorio Pozzo.

Chegada à final, 58 445 espectadores encheram as bancadas, viram a Itália impor facilmente a sua superioridade táctica ao vencer por 4-2 a Hungria. Muito por culpa do treinador Vittorio, vencedor pela segunda vez da competição, excelente "psicólogo" e líder de homens, o seu nome irá ficar para sempre associado ao Campeonato do Mundo. Esta foi também a final que marcou a despedida do Mundial durante 12 longos anos. Meses depois a Alemanha invadia a Checoslováquia, e logo de seguida a Polónia... era o eclodir da II Guerra Mundial.

Final, 19 de Junho de 1938, Paris
Itália 4-2 Hungria
Colaussi 6', 35', Piola 18', 32'; Titkos 8', Sarosi 70'

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