sábado, julho 03, 2010

100 Verde-Rubros Anos - Capítulo IX, Parte 7

Revolução de Abril Com o final da primeira participação no campeonato nacional da II divisão à vista, acontece a Revolução de 25 de Abril de 1974. Os primeiros sinais de liberdade e de democratização do país, permitem que o Marítimo relance o debate em torno das condições que sustentam a sua participação nas provas nacionais. São alcançadas pequenas alterações, conquistadas gradualmente, mas que vão aliviando parte dos pesados encargos que recaem sobre a colectividade. Até ao momento em que essa participação se fará em condições normais – sem as exigências financeiras iniciais – o Marítimo ainda suportou os ditames dos organismos do futebol nacional.

Subir um degrau A plena participação nacional dos clubes madeirenses só acontecerá mais tarde. Pelo meio, entreabriu-se a oportunidade de um segundo clube madeirense ir para os ‘nacionais’, através do acesso à III divisão. Mas foi a institucionalização do regime autonómico que permitiu – através do suporte das despesas de participação – a abertura das portas das provas nacionais à generalidade dos clubes, nas mais diversas modalidades. Até lá, os maritimistas repetirão vezes sem conta, orgulhosamente, quanto custou aqui chegar… A segunda participação no campeonato nacional da II divisão, já com a democracia implantada, conduz o Marítimo ao quarto lugar da tabela classificativa final. Nos 19 jogos disputados nos Barreiros são consentidas duas derrotas (Caldas, 0-3, e Portimonense, 2-3) e um empate (Barreirense, 1-1). Fora de casa o comportamento não é ainda o melhor. Algumas partidas vão ficar marcadas por pressões alheias ao desporto – adeptos de clubes continentais, com opções políticas distintas das que vêm sendo expressas maioritariamente nas eleições que o regime democrático organiza também na Madeira, insultam e chegam mesmo a tentativas de agressão a jogadores e apoiantes do Marítimo. Por outro lado, o número considerável de campos ‘pelados’ é penalizador da qualidade que vem sendo imprimida ao futebol verde-rubro.

Vamos a Contas? Já se viu que a revolução de Abril de 1974 tinha permitido reinvindicar a alteração no quadro de condições que permitiam a presença do Marítimo em provas nacionais. Em 24 de Agosto deste ano, o congresso da Federação emendou algumas dessas condições – o Marítimo continuará responsável pelas passagens aéreas dos adversários, mas ‘livra-se’ da estadia dos mesmos no Funchal e ‘despacha’ os encargos da arbitragem. É neste contexto que o Marítimo dá nota pública dos encargos que tem de suportar na II divisão. Os números da segunda participação foram os seguintes: - equipas visitantes 900 contos - fundo de arbitragem 180 contos - policiamento 145 contos - Federação 67 contos - Associação 54 contos - outros fundos 108 contos O montante dos encargos com as equipas visitantes (900 contos) era praticamente o dobro do valor dispendido com as rubricas estabelecidas nos regulamentos para todos os clubes (fundo de arbitragem, policiamento, taxas federativas e associativas, outros fundos).

Terceira participação Na terceira época de disputa do campeonato da II divisão, o Marítimo volta a alcançar o quarto lugar da tabela classificativa. A prestação nos Barreiros regista uma derrota (Almada, 1-2) e quatro empates (Oriental e Peniche, ambos a 1-1; Torreense e Olhanense, ambos a 0-0). A prova decorreu sob o signo da esperança de qualificação para disputa da ‘liguilla’ II/I divisão. Mas na ponta final da mesma, a equipa não foi capaz de concretizar o objectivo, exibindo-se num plano que acabou por comprometer tais aspirações. Em jeito de balanço das três presenças, os maritimistas – sócios, adeptos, simpatizantes, jogadores, quadro técnico e directores – bem como os madeirenses em geral, já tinham a certeza da inevitibilidade da ascensão ao escalão principal do campeonato nacional. É o que vai acontecer na época

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