por Gonçalo "Capitão" Moura
A pedido da própria Liga Tahiti, decidi escrever um texto sobre o Vitória de Guimarães, clube do qual sou adepto, de modo a demonstrar também as virtudes de ser adepto das raízes. E é destas que vamos falar.
As origens remontam a 1918, quando um grupo de estudantes decidiram constituir um grupo de futebol, ao qual deram o nome oficial de Vitória Sport Clube. Um ano depois, um outro grupo de estudantes fundou o Sporting de Braga, facto que terá importância na rivalidade.
Em 1921, o Braga torna-se oficial, seguindo-se um ano depois o Vitória. Estes dois factos geraram, ao longo das gerações, discussões sobre quem foi o primeiro. Algo próprio de dois burgos que cresceram ao longo da história em competição constante. A Associação de Futebol de Braga sofreu sempre muitas críticas, algo que sucedeu na conturbada época de 32/33, onde o campeonato distrital tinha sido adiado pela Federação. Na altura em que retomou, em Dezembro de 32, sucedeu-se um jogo contra o Braga onde o Vitória perdeu 2-0, gerando reacções negativas da imprensa vimaranense, acusando os adeptos bracarenses de terem provocado violência no estádio, algo que sucede, dum lado e doutro, até aos dias de hoje.
No entanto, é preferível procurar justificar a devoção dos adeptos ao Vitória. Há 3 justificações:
1 - O factor histórico. Numa cidade onde D. Afonso Henriques tem o estatuto de herói, era óbvia a escolha pelos estudantes da figura do 1º Rei de Portugal para o emblema, que pouco se alterou até aos dias de hoje. É ainda hoje a principal inspiração para o clube e para a cidade, sendo também por vezes um balão de oxigénio financeiro. Outra das inspirações (ainda em disputa) é Gil Vicente, o autor de autos, que alegadamente teria nascido em Guimarães. Contudo, Barcelos recusa-se a largar mão do autor, bem como o clube de mesmo nome, o que se percebe.
2 - O factor da cidade. Em duas vertentes, a cidade é motivadora devido: 1-á sua vertente histórica; 2-á vertente industrial. A cidade, até aos anos 80, tornou-se notável, para além da história e da arqueologia, pelo seu desenvolvimento industrial. De facto, muitos jogadores do Vitória nos anos 20 e 30 vinham dos círculos operários, em particular do sector das cutelarias. O que gerou outra rivalidade entre Guimarães e Braga, pois Braga teve muitas vezes dirigentes e jogadores que provinham da burguesia industrial.
3 - O factor “três grandes”. Depois da existência efémera do Campeonato de Portugal, Porto, Benfica e Sporting passaram a ter o destaque nacional e mais suporte. Um desejo dos vimaranenses foi sempre discutir o espaço com os três grandes, o que contribuiu para as altas expectativas no início de cada época. Daí a constante luta pelos lugares cimeiros do campeonato, para marcar presença nas competições europeias. Também a Taça de Portugal foi um pretexto, dada a presença do clube em 4 finais (das quais, infelizmente, não saiu vencedor).
Estes são os factores que levam á identificação de muitos vimaranenses com o clube, e a razão pela qual é o clube com a 4ª maior audiência regular a seguir ás dos “três grandes”, precisamente!
NOTA: Gonçalo "Capitão" Moura frequenta o segundo ano da licenciatura de Ciências da Comunicação no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. É vimaranense e adepto do Vitória local, é colega de curso dos tahitianos Hélder Teixeira, Jorge Correia e Alexandre Correia.
Sem comentários:
Enviar um comentário