terça-feira, janeiro 17, 2012

Bola Fora #13: O teu currícu10, uma dezena de dicas


por Bruno Fernandes


Dez. Não são nove, não são onze. Poderiam ser, mas não são. São dez. É escolhido por opção e porque numa peça cujo objectivo é a orientação das carreiras profissionais, o clichê dos números redondos ajuda quem mais precisa de explorar uma oportunidade. Enviar um currículo é mais do que arranjar uma dúzia de informações relevantes sobre o nosso percurso académico, é mais do que clicar em “enviar” na vossa caixa de correio electrónico. Façam-no falar, chegar às pessoas certas e nos moldes correctos. Para os mais desatentos, a Sociedade da Informação já chegou há uns valentes anos e, quando enviam um CV, há sempre alguém que já o fez primeiro, melhor e que já se transportou para outras paragens.

I. Ser original, outra vez?
É imperativo que a originalidade, uma velha conhecida de todos, seja a principal premissa quando, pela primeira vez, pensam em todo este processo. Existem milhares de modelos de currículos espalhados pela internet e cair no erro de copiar um deles é um passo atrás quando ainda nem saímos da casa de partida. 

É verdade que existem CV certificados e cujo preenchimento vai de acordo com o que a maioria das empresas quer, mas temos de ir mais longe. Como foi referido na nota introdutória, é preciso fazê-lo falar. Antes de elaborarem o vosso currículo, é essencial que procurem a sorte no meio de tanta banalidade: comparem moldes, risquem o ridículo, aproveitem as melhores partes e cozinhem o vosso próprio futuro.

II. Simples e eficaz
Qual a função de um currículo? Não vamos perder mais tempo: é estimular quem contrata a vos dar uma oportunidade presencial de mostrarem as vossas valências. Para isso, os empregadores não devem receber documentos com excesso de informação. Resumam-se ao essencial, sejam simples e eficazes. 

Esqueçam as capas, índices ou as introduções poéticas e que pressupõem chamar ao de cima a faceta mais emotiva de quem está do outro lado. Atenção, não quer isto dizer que o vosso CV seja desprovido de qualquer estatuto de destaque. Chamar a atenção é fulcral e meio caminho andado para sermos bem sucedidos.

III. Hey, vamos lá. Dá-me atenção
É aqui que a originalidade entra, de novo, em acção. O vosso documento deve ser resumido, claro e chamativo. Fujam, por exemplo, da Times New Roman, mas não sejam amadores ao ponto de escolherem letras mais infantis. Vocês querem algo credível, não se esqueçam disso. 

Deixem de fora os enfeites como rebordos ou cabeçalhos estereotipados. Deixem de fora todos os apêndices que, após uma auto-avaliação, sejam considerados supérfluos no vosso currículo. Quanto à letra, o mínimo aconselhável é o tamanho 10, preta e que não seja excessivamente grande ao ponto de dar um ar de uma ansiedade desnecessária.

IV. Olá, sou o teu currículo
Não vamos estar com meias medidas. O mercado é feroz e só os mais audazes e inteligentes conseguirão entrar neste trilho. Mencionem, sempre e em primeiro lugar, o vosso percurso académico. Cursos, Pós-graduações, Mestrados e Especializações devem ser o principal ingrediente deste processo. Quanto aos workshops, cursos de 80 horas ou presenças em conferências, devem ser preteridos sempre que seja possível. 

Quem lê o vosso currículo não se vai sentir impressionado por se terem deslocado a determinada faculdade para assistirem a uma qualquer palestra. As pessoas que vos vão avaliar, irão pensar que, à falta de melhor, tal informação é como um cartão de aniversário em cima de um bolo: fica bonito, mas na hora da refeição todos o vão negligenciar.

V. Adaptem-se
Introduzida a informação essencial, chega a altura de relatar algo a que as empresas dão uma importância extrema nos dias que correm: a experiência profissional. Se tiverem realizado estágios, curriculares ou profissionais, não se esqueçam que isso poderá funcionar como a alma do vosso CV. Quem emprega precisa de o fazer de forma célere e não gosta de dar tiros no escuro. 

Apreciam a polivalência, a pro-actividade e a capacidade de trabalho. Portanto, se querem impressionar, escolham este caminho. Para as pessoas que não têm qualquer tipo de experiência “no terreno”, deixamos um conselho: procurem rapidamente algo que possa melhorar as vossas competências, pois a não ser alguma sorte, não vemos muitos outros caminhos para o aguardado sucesso.


VI. O extracurricular
Em apenas 5 tópicos, já foram lançadas as traves mestras do vosso currículo. Agora, tudo o que vier a ser acrescentado será considerado extracurricular. Não tomem tal conceito como depreciativo. Não, de longe. As informações adicionais devem estar presentes neste tipo de documentos mas, como já foi referido anteriormente, temos de pensar bem na sua utilidade, pois não queremos ser considerados comuns. Por exemplo, numa candidatura a um jornal generalista de referência, fica sempre bem destacar acções que vão de encontro aos interesses do meio de comunicação. 

“Presença habitual em conferências onde são tratados problemas relacionados com a economia portuguesa? Parece-me bem”, pensarão os responsáveis por relacionar o que estão a apresentar com as necessidades do jornal. Entendem? Os efeitos são bonitos, mas temos de ter a capacidade de perceber se nos vão beneficiar ou prejudicar. Coloquem-se, sempre, do lado do empregador, na cabeça de quem vos está a contratar.

VII. Olá, este é o meu currículo
O que sempre costuma vir no início de um currículo, deve ser explicado a meio da elaboração do mesmo. A carta de apresentação. Não caiam no erro básico e amador de terem cartas para determinado tipo de empresas. Dará trabalho, será chato, mas escrever uma carta de apresentação para cada entidade empregadora para a qual enviem os vossos CV’s é um grande passo para chamar a atenção da mesma – lembra-se do principal objectivo do currículo? Estimular a atenção.

Estudem todos os critérios de seleção que são pedidos pela empresa e adaptem a vossa narrativa. Contem a vossa história como eles a querem ler. Cuidado, não se armem em heróis, digam tudo menos que são o melhor produto que eles podem “comprar”, não deixando que o medianismo vos apanhe. O mundo da empregabilidade está cheio de heróis, não vamos querer ser apenas mais um.

VIII. O correio toca sempre… muitas vezes
Chegou a altura de pensar em entregar – e o desacordo assim espera que o seja – a vossa obra-prima. Existem várias formas de o fazer: por correio normal, via e-mail ou de forma presencial. Se a primeira opção é, muitas vezes, utilizada para exportar o CV para fora do país, visto existirem empresas internacionais que assim o pedem, parece não haver dúvidas quanto à melhor das duas restantes formas. A pessoalidade é vista pelos empregadores como um factor de dedicação e pro-actividade, nunca se esqueçam disso. 

Enviar por e-mail é apenas uma opção, mas se formos entregar o currículo em mão existem diversas formas de sairmos a beneficiar: para além da questão da pessoalidade, ir ao local permite que, entre as centenas de currículos que irão estar em cima de uma secretária, o nosso possa ser visto de forma mais rápida. E se o imprimirmos em folha amarela? Será que não chamará a atenção entre um molho de folhas brancas? É uma sugestão.

IX. Uma chata mensagem de esperança: não desistam
Desenganem-se aqueles que pensam poder ser chamados para uma entrevista na semana seguinte ao envio do currículo. Se pode acontecer? Pode, sim. Mas olhando para a actual conjuntura do mercado de trabalho, existe a possibilidade de este processo se tornar moroso. Perante este cenário, será necessário ter paciência, continuar a enviar CV’s, actualizando as informações básicas de mês a mês, por exemplo. Se, num espaço de 3 meses, a situação for idêntica, aconselha-se uma reformulação a fundo.

X. Ao trabalho!
Dadas nove dicas, resta (...) apresentar mais uma: Sugerimos que depois de lerem “O teu currícu10”, apliquem alguns dos nossos conselhos e que ponham mãos à obra. E bom trabalho! (...)

publicado em www.desacordo.net

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