O Open da Austrália é um evento incontornável na vida do país e ao longo da quinzena todos os diferentes órgãos de comunicação locais dão enorme destaque ao que se vai passando em Melbourne Park – e o embate entre o prodígio local Bernard Tomic e o campeoníssimo Roger Federer referente aos oitavos-de-final gerou um nível de interesse quase sem precedentes, embora o duelo de gerações rapidamente se tenha transformado num unilateral exercício de magistério, em que o jovem australiano recebeu um curso intensivo ao longo de 104 minutos de convivência no court com o veterano suíço.
Federer deu uma verdadeira lição de ténis ao jovem australiano. |
A impressionante sessão didáctica não seria o tema principal das parangonas do dia seguinte: quem mais fez por as merecer foram Kim Clijsters e Li Na, por tudo o que aconteceu numa reedição precoce da final entre ambas no ano passado.
O facto de a belga ser conhecida por ‘Aussie Kim’ desde a antiga associação romântica a Lleyton Hewitt e de se tratar assumidamente da sua última participação num torneio que tem na chinesa uma ponta-de-lança do seu conceito ‘Grand Slam da Ásia/Pacífico’, só veio rodear de ainda maior dramatismo um embate que teve de tudo um pouco. Clijsters lesionou-se logo no início, mas prosseguiu estoicamente em jogo; Li Na dispôs de quatro match-points consecutivos no tie-break do segundo set (a 6/2), mas não concretizou nenhum; Clijsters chegou facilmente aos 4-0 do terceiro set, mas esbanjou tão grande vantagem; Li Na recuperou para os 5-4, mas não conseguiu a reviravolta.
A belga triunfou num emocionante encontro frente a Li Na. |
A jogada mais emblemática do encontro foi a do quarto match-point consecutivo de Li Na; Kim Clijsters executou um péssimo amortie ao qual a adversária chegou facilmente apenas para devolver a bola para a raqueta da adversária… e desistir de correr atrás do balão mole que fez passar a bola sobre a sua cabeça.
Quase todos os restantes embates dos oitavos-de-final femininos foram resolvidos de modo unilateral. A estridente Victoria Azarenka atropelou Iveta Benesova, enquanto Serena Williams, com muita surpresa, 'caiu' nesta 4.ª ronda frente a Ekaterina Makarova (6-2 e 6-3). Uma hora e 22 minutos de encontro bastou para russa vencer a antiga número 1 do mundo que, neste duelo, esteve irreconhecível, cometendo muitos erros não forçados que lhe foram fatais.
A pentacampeã em Melbourne disse adeus ao torneio. |
Maria Sharapova apanhou um valente susto. A russa perdeu o primeiro set e precisou de vencer os outros dois para derrotar Sabine Lisicki. 3-6, 6-2 e 6-3 foram os parciais. Por sua vez, Petra Kvitova está cada vez mais perto de se tornar número 1 do ranking WTA de ténis. Nesta ronda do Open da Austrália, a checa bateu Ana Ivanovic em dois sets, por 6-2 e 7-6. Já a silenciosa Agnieszka Radwanska nem precisou de provocar qualquer acidente: a sua adversária Julia ‘Gorgeous’ Goerges estampou-se sozinha com contínuas acelerações para fora da pista.
Também Tomas Berdych se estampou sozinho – com a agravante de o ter feito após ter ganho um encontro de excelente qualidade diante de Nicolas Almagro. O nível de jogo foi elevado e o equilíbrio tornou a contenda ainda mais recomendável, mas no final o checo recusou apertar a mão ao espanhol como forma de lhe mostrar que não tinha achado piada nenhuma à bolada que tinha levado numa troca de bolas no quarto set.
É certo que Almagro fez tiro ao boneco, mas numa situação de jogo aceitável; Berdych escolheu uma atitude de condenação pública que os espectadores acharam desmerecedora do excelente espectáculo a que tinham acabado de assistir – e não houve perdão: o checo recebeu uma vaia monumental quando foi entrevistado no court e os apupos ensurdecedores continuaram na zona de entrevistas à saída do campo.
Berdych venceu Almagro com categoria, mas nem por isso se livrou dos assobios. |
Na outra metade, destaque para a eliminação de Jo-Wilfried Tsonga, carrasco de Frederico Gil, depois de perder em cinco sets com o histórico Kei Nishikori – tornou-se no primeiro japonês a garantir um lugar nos quartos-de-final do torneio australiano em 80 anos. Já Andy Murray, David Ferrer e Novak Djokovic – este último com maior dificuldade, pois teve pela frente o local e sempre incómodo Lleyton Hewitt –cumpriram a sua missão. Nos 'quartos', o sérvio vai defrontar o inoxidável espanhol 'Ferru', enquanto Murray terá pela frente o motivadíssimo, mas esgotado, Nishikori.
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