domingo, março 14, 2010

100 Verde Rubros Anos - Capítulo III, Parte 3


Enfim... Portugueses

Campeão da Madeira em 1922/23, o Marítimo estreia a presença do Arquipélago no Campeonato de Portugal. Álvaro Reis Gomes foi o dirigente que teve a espinhosa missão de demonstrar à União Portuguesa de Futebol (futura Federação Portuguesa de Futebol) a injustiça que seria deixar o campeão da Madeira de fora de prova, como acontecera na primeira edição, na época anterior. A disputa deste primitivo Campeonato de Portugal era feita por eliminatórias entre os campeões regionais. Esta primeira participação coloca o Marítimo frente à Académica, em jogo disputado em Lisboa. Para espanto da generalidade dos que prestavam atenção ao futebol português, o Marítimo é derrotado por 2- 1. A irreverência estudantil, que rodeou o jogo de um ambiente festivo, perturbou uma equipa que acrescentava às suas responsabilidades de jogo a ‘obrigação’ de não defraudar as expectativas que os madeirenses nela depositavam.

Particulares Excelentes

A exemplo do ano anterior, aproveitando a estadia no continente, a equipa realiza mais algumas partidas. Em Lisboa, empata com o Benfica (1- 1) e é derrotado pelo Meteor de Praga (4-3). No Porto, onde se desloca para ‘desforra’, é repetida a proeza do ano anterior: 3-0 sobre o Porto. 4-1 sobre o Boavista fecha a presença na Cidade Invicta. No regresso a Lisboa ainda há oportunidade para um encontro com o União de Coimbra. O Marítimo vence por 7-0. A eliminação do Marítimo às mãos da Académica fora, de facto, um equívoco ... A caravana verde-rubra foi dirigida pela primeira vez por Joaquim Quintino Travassos Lopes, entretanto eleito presidente da Direcção. A equipa do Marítimo que participou pela primeira vez no Campeonato de Portugal: (imagem)

A Vez do Sporting

Em Maio de 1924 o Sporting Club de Portugal vem pela primeira vez à Madeira. A equipa lisboeta tem sete internacionais ‘AA’ portugueses e vence os quatro jogos realizados. O Marítimo sofre os resultados menos desnivelados: 0-2 e 0-1. O União perde por 4-1 e um ‘Misto’ regional consente 5-1. O desfecho do segundo Marítimo - Sporting foi obtido em condições quase caricatas e terá uma parte final muito complicada. Tudo porque ao ser assinalada uma grande penalidade contra os lisboetas, estes aglomeram-se dentro da grande área, na tentativa de impedirem a consumação do castigo e demoverem o árbitro da decisão. A situação não se resolve. Os sportinguistas não se conformam e pretendem a anulação da penalidade. Face à intransigência lisboeta, Barrinhas, capitão do Marítimo, dirigese ao juiz da partida e sugere que altere a sua decisão. O que acaba por acontecer ...

Pontapé de Baliza?

A maior parte dos jogadores de ambas as equipas ainda estão dentro da área sportinguista. A troca de opiniões com o árbitro prossegue. Jogadores de uma e outra equipa esgrimem argumentos. Mas a sugestão de Barrinhas acabaria por ser aproveitada da pior forma. No meio da confusão, é cobrado um... pontapé de baliza, na sequência do qual resultará o golo da vitória lisboeta. O pasmo dos jogadores do Marítimo e os protestos do público não foram suficientes para a anulação da jogada e a justa retoma do jogo pelo menos com um pontapé de canto contra o Sporting. É que mesmo que não tivesse sido com a mão – como o árbitro ajuizara – o último toque na bola fora de um defesa lisboeta. Assim se fez uma vitória injusta. O público manifestou-se de forma pouco simpática para com os jogadores continentais e o árbitro da partida. O que prometera ser apenas uma animada partida de futebol acabou com o campo invadido e o árbitro a precisar de protecção ...

De Volta ao Campeonato

Campeão da Madeira da época 1923/24, o Marítimo representa a Região, pela segunda vez consecutiva, no Campeonato de Portugal. Mas esta participação não terá melhor desfecho que a anterior. Defrontando na primeira eliminatória o Olhanense, que viria a sagrar-se Campeão, os madeirenses sofrem copiosa derrota, consentindo, em dia de total desacerto, cinco bolas contra apenas uma marcada. Como habitualmente, a estadia no Continente proporciona a realização de mais contactos. Desta feita o adversário é o Barreirense, que vai sofrer, no seu reduto, uma derrota por 3-0.

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