quarta-feira, março 17, 2010

100 Verde Rubros Anos - Capítulo III, Parte 4


Vida Intensa

A época 1923/24 ficará ainda marcada pela inauguração de nova sede, agora situado à Rua 5 de Outubro. Uma vez mais, foi Abel Romão Gonçalves o responsável pela tarefa de dotar o clube com aquela que seria considerada, à data, uma das melhores sedes clubísticas do país. No primeiro andar do novo espaço ficam instaladas as salas para a Equipa de Honra, espaço para jogos de mesa, ténis de mesa e bilhares, ‘Chá’ e ‘Bufete’; no 2º andar instalam-se ginásio, quarto de boxe e esgrima, biblioteca, secretaria, gabinete do presidente, equipamentos, vestiário, balneário e arrecadação. Na inauguração é dado o mote do que será a vida deste novo espaço nos anos seguintes – centenas de sócios e populares marcam presença numa cerimónia que conta com os responsáveis pelo clube e diversas entidades civis, militares e religiosas. No espaço da anterior sede funda- -se o Colégio do Marítimo, com o objectivo de proporcionar instrução aos filhos de jogadores e sócios. Para os atletas e outros interessados, organizam- se cursos nocturnos.

Barrinhas Retira-se

O início da época 1924/25 traz o abandono de Barrinhas. Catorze anos após ter iniciado a sua actividade no Marítimo, o ‘capitão’ ainda ensaia alguns jogos e é pressionado para continuar. Mas a sua decisão estava tomada e seria irreversível. Homem do mar, lutador incansável na vida como no futebol, possuidor de limitada instrução mas nobre em todas as suas atitudes, Barrinhas deixará o seu nome inscrito a ouro nas páginas da história do seu clube e do futebol madeirense. O seu exemplo de dignidade e honradez será referenciado por inúmeras vezes nas décadas seguintes. E servirá de bandeira deste Marítimo forte, ofensivo, vitorioso, mas correcto e leal.

Regresso a Canárias

Em Abril de 1925, o Marítimo volta às Ilhas Canárias. De novo a convite do Club Deportivo Tenerife. São agendadas quatro partidas. As primeiras três colocam os verderubros frente ao clube organizador da digressão. Na primeira partida os anfitriões vencem por 5-0. Um empate a uma bola é o desfecho do segundo jogo. A vitória sorri ao Marítimo (2-0) no último confronto. O desafio de encerramento da digressão traz nova vitória, desta feita sobre o União Fomento, por 4-1. Enquanto a equipa de Honra anda em digressão por Tenerife, o Marítimo faz-se representar no Torneio Suiço (futebol de 6) com elementos da sua segunda categoria. Mas mesmo assim vai triunfar na prova, gerando grande entusiasmo entre os adeptos. Um entusiasmo que vai crescer com a conquista da Taça ‘Hinton’ valoroso trofeu em disputa desde há três épocas atrás ...

Visita aos Açores

Maio de 1925 leva a equipa de Honra verde-rubra a São Miguel, a convite da Associação de Futebol de Ponta Delgada. Será uma digressão memorável, do ponto vista desportivo, social e cultural. Os resultados dos jogos realizados falam por si. Com um total de 36 golos marcados e 3 sofridos, o Marítimo vence todos os adversários: 14-0 ao Operário, 10-1 ao Santa Clara, 5-1 ao União Micaelense e 7-1 à União Sportiva. Os resultados deste primeiro intercâmbio entre as regiões insulares contribuiu para aumentar a fama do Marítimo. Embora se tratassem de encontros particulares, a supremacia evidenciada nos campos açorianos vai valer o título de ‘campeão das Ilhas’ – como se o Marítimo já não fosse apenas o campeão da Madeira, mas sim de todo o espaço insular português.

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