sexta-feira, março 19, 2010

100 Verde Rubros Anos - Capítulo III, Parte 5


Terceiro Campeonato Nacional
Campeão regional uma vez mais, cabe ao Marítimo disputar o Campeonato de Portugal de 1924/25 em nome da Madeira. O adversário da eliminatória dá-se novamente pelo nome de S. C. Olhanense. A experiência do ano anterior e o amadurecimento da forma como eram encaradas as competições da equipa de Honra, conduzem a uma preparação desta participação com cuidados nunca vistos. A melhor nota dessa realidade é o estágio de quatro dias, realizado na unidade militar de Mafra. Os resultados desse estágio parecem ser os melhores. No jogo da meiafinal, o Marítimo mantém-se na posição de vencedor do encontro até quinze minutos do final. A forte equipa olhanense, campeã em título, está à beira de ser eliminada. Mas os madeirenses acabariam por consentir uma (quase) inexplicável derrota por 4-2. O objectivo de alcançar a final do Campeonato nunca estivera tão perto. E a desilusão dessa falha marca a equipa que, antes do regresso ao Funchal, desloca-se ao reduto do Barreirense, onde consente um empate a três bolas.

Olhanense na Madeira

Tendo eliminado o Marítimo do Campeonato de Portugal nesta época e na anterior, o Olhanense era uma formação admirada na Madeira. A ideia de trazer a formação algarvia à Madeira desperta entusiasmo. E assim vai acontecer em Julho de 1925, a convite do Marítimo. Nos quatro jogos disputados, os algarvios vão vencer por duas vezes (4-1 ao União e 3-1 ao ‘Misto’ regional) e perder por outras tantas, frente ao Marítimo (4-3 e 3-1). Estes resultados não conduzem à conquista de títulos. Mas é inegável que tinham um significado muito especial – a confirmação da possibilidade de, em circunstâncias normais, o Marítimo poder bater as formações continentais mais fortes. É precisamente o que vai acontecer na seguinte participação no Campeonato de Portugal, com a conquista do ansiado título.

Simpatia Académica

A época da conquista do título nacional começa com uma vitória bem mais singela, mas nem por isso menos importante. Os estudantes do Liceu do Funchal elegem, na sua festa anual (30 de Novembro de 1925), o Marítimo como vencedor da taça ‘Academia Funchalense’. Esta eleição, alcançada com uma grande maioria de votos, demonstrava que os feitos do ‘clube dos marítimos’ tinham permitido consolidar solidamente a simpatia que a generalidade da população madeirense lhe dedicava desde o primeiro ano da fundação. À beira de se sagrar Campeão de Portugal, as equipas verde-rubras são ainda constituídas principalmente por elementos com origem na classe marítima, mas os seus êxitos são património da generalidade da sociedade madeirense, que por eles nutre simpatia e carinho especiais. Em 15 anos de vida, o que fora um sonho de ‘marítimos’ era agora uma firme realidade da sociedade madeirense. Não admira, pois, que o telegrama a anunciar a conquista do título de Campeão de Portugal comece precisamente com as seguintes palavras: ‘Hurrah! A Madeira venceu por 2-0’.

Rodagem Importante

Com o objectivo de preparar melhor a equipa para a previsível participação nacional de 1925/26, a Direcção do clube, apesar das dificuldades financeiras daí resultantes, organiza a deslocação de duas formações estrangeiras – representantes de ‘escolas’ futebolísticas totalmente distintas – ao Funchal. A primeira dessas formações é o Szombathely A.K., grupo de semiprofissionais húngaros que vem até nós realizar cinco jogos. Com um futebol feito de passes curtos mas bonito e eficiente, os húngaros impõem duas derrotas ao Marítimo (4-1 e 2-1) e cedem-lhe um empate (2-2). O União e o Madeira são derrotados por 3-1 e 7-0, respectivamente. O S.K. Minerva é a segunda dessas formações. Praticantes de um jogo largo e muito influenciado pela acção dos extremos, os alemães tinham um futebol oposto ao dos húngaros, mas mais aproximado ao que era praticado pelo Marítimo. Talvez essas características tenham ajudado o clube a obter, desta feita, melhores resultados – em três jogos alcança dois empates (5-5 e 2-2) e vence o último por 3-1. No outro encontro os alemães batem um ‘Misto’ Nacional – Madeira por 3-1. O caminho que iria conduzir ao título de Campeão de Portugal tinha sido preparado da melhor forma possível.

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