Rasgando Horizontes
A digressão africana consolidou a ideia de que o espaço da(s) Ilha(s) era ‘pequeno’ para o Marítimo. Essa ideia estava latente desde os tempos da fundação. Sobreviveu aos momentos difíceis. Ganhou alento nos períodos de glória. Mas, para vencer a insularidade, não há respostas fáceis, nem soluções imediatas. De fora do campeonato ‘nacional’, o maior clube madeirense sabe que a alternativa ‘Taça de Portugal’ não constitui uma resposta consistente para o progresso desejado. A alternativa é juntar à luta pela presença na Taça, a batalha pelo engrandecimento do clube e pelo enriquecimento do espólio de trofeus. Novas modalidades desportivas, mais atletas, mais sócios, novas e melhores instalações, iniciativas inéditas, marcam o compasso da vida de uma colectividade que bate-se arduamente para levar até ao Almirante Reis a generalidade dos títulos e trofeus em disputa no quadro desportivo regional. O declínio do futebol verderubro, entre os finais da década de 50 e meados da de 60, obrigou a que o clube realizasse um grande esforço de detecção e criação de novos talentos. Serão tempos difíceis, esses. Mas o Marítimo ressurgirá na modalidade- rainha com a ambição de sempre – inscrever o nome da Madeira no topo do futebol nacional.
Abraço amigo
Abraço amigo
Quando começa a desvanecer a lembrança do triunfo africano, chega à Madeira uma embaixada dos colonos de Sá da Bandeira. Apesar das exigências da iniciativa, o clube empenhou-se profundamente na mesma. Contando com apoios oficiais e de inúmeras entidades particulares locais, o regresso desses colonos à terra natal constitui uma bela página da história da Madeira, para a qual o Marítimo se orgulha de ter contribuído decididamente.
Solidariedade Lisboeta
Uma das formas de angariar fundos para responder aos encargos da iniciativa foi o convite ao Sport Lisboa e Saudade (ex-jogadores do Benfica) para, no fim de ano de 1950, realizar um jogo na Madeira. A veterania dos lisboetas impossibilitou réplica ao jogo da primeira equipa verde-rubra. O 7-0 final está assim justificado, mas esse não era o aspecto mais importante do jogo… Na oportunidade, Ribeiro dos Reis, que é presidente da Assembleia Geral do Benfica, relembra a deslocação do seu clube à Madeira, na Páscoa de 1922, e distingue o veterano Barrinhas.
Amizade Curta
Este clima de amizade não tem paralelo com o que vai acontecer, meses mais tarde, quando o Marítimo se apresentar em Lisboa, frente ao Benfica, para disputar os oitavos de final da Taça de Portugal da época 1950/51. Os ânimos que rodeiam a partida são hostis. Resultam do facto do Marítimo não prescindir de fazer alinhar António Alves Tremura ‘Chino’ na partida, uma vez que o mesmo se encontrava ‘qualificado’ pelo Marítimo, apesar de estar a residir em Lisboa há cinco meses. Aos sete minutos da partida da primeira mão, que o Marítimo joga ‘em casa’ – no campo do Oriental ... – o árbitro expulsa injustificadamente Figueira de Sousa; três minutos depois, Raul Tremura abandona o campo para receber tratamento. Tal qual o ambiente nas bancadas, o jogo dos lisboetas é duro e a arbitragem tudo lhes consente. O Marítimo perde por 3-0. Dois golos são obtidos com a equipa reduzida a nove elementos. Na segunda mão, agora na casa do Benfica, os lisboetas têm de aplicar-se a fundo para garantir um magro 2-1. A propósito da ‘primeira mão’, o jornal desportivo ‘A Bola’ regista:
"Antes de mais nada, uma prevenção que deve ser levada em conta para todos os comentários que vamos fazer ao jogo ontem disputado em Marvila. Há que recordar, sempre com justiça, que os madeirenses, além de suportarem o handicap resultante das suas espaçadas visitas à metrópole (em que a falta de contacto e a estranheza do ambiente são contrariedades importantíssimas) actuaram durante 89 minutos com dez elementos apenas, o que logicamente influi sobremaneira nas possibilidades técnicas e tácticas e psíquicas duma equipa que vem de longe ... de alémmar, para jogar a sua chance!"
Sem comentários:
Enviar um comentário