sábado, julho 02, 2011

COL DU GALIBIER #1: Gilbert de amarelo no dia em que um homem derrubou um pelotão


Phillipe Gilbert, claro está. O belga é indiscutivelmente o melhor do mundo em chegadas como as da primeira etapa deste Tour, com meta instalada no Mont des Alouttes. A rampa final foi palco de vários ataques mas o favorito do dia disse presente e venceu de forma cabal.

Nem Vinokourov, nem Cancellara, nem Cadel Evans conseguiram ombrear com a explosão do campeão belga, que vive um ano verdadeiramente inolvidável, depois de vencer as clássicas Amstel Gold Race, Flèche-Wallonne e Liège-Bastogne-Liège (no espaço de apenas uma semana) e ainda a volta ao seu país. Aos 28 anos, juntou ao seu já vasto palmarés um triunfo na mais prestigiada corrida do planeta, a que acrescenta ainda a liderança na classificação por pontos e o primeiro lugar na célebre camisola branca às bolinhas vermelhas, símbolo de líder da montanha.

A etapa, essa, teve pouca história. Partida em Passage du Gois La Barre-de-Monts, no Oeste de França, e um total de 191 quilómetros por percorrer. A fuga do dia coube a Jeremy Roy (Française-des-Jeux), a Perrig Quemeneur (Europcar) e a Lieuwe Estra (Vacansoleil), sempre sob o olhar distante mas atento das principais equipas do pelotão.

Omega Pharma-Lotto, Garmin-Cervélo e HTC-Highroad foram assumindo as despesas da perseguição e, a cerca de 18 quilómetros do fim, alcançaram o trio da frente.

Daí em diante, só três momentos importam: a inconsciência de um espectador que fez cair meio pelotão, após tocar num ciclista da Astana, uma outra queda que envolveu alguns dos favoritos e a vitória de Gilbert.


A primeira queda, a nove quilómetros da chegada, foi um revés para Alberto Contador e para Samuel Sanchez. Os dois ciclistas espanhóis não seguiam nas melhores posições, ficaram presos no meio da confusão e acabaram por perder 1m20s para o grupo principal.

A segunda envolveu Andy Schleck, Bradley Wiggins e Janez Brajkovic, que ficaram arredados da luta pela etapa mas sem prejuízo em termos de geral individual, uma vez que já se encontravam nos derradeiros 3 quilómetros.

O terceiro momento já foi visto e revisto ao longo desta temporada. Um óptimo trabalho dos seus colegas de equipa, muita concentração, a dose certa de calculismo e um arranque demolidor. Gilbert reagiu quando Cancellara arrancou e só o voltaram a “ver” para lá da linha de chegada. Notas para Cadel Evans, o melhor dos homens para a geral, que foi segundo e para Thor Hushovd, campeão do mundo, que foi terceiro.

Os portugueses Rui Costa e Sérgio Paulinho chegaram juntos (129.º e 134.º, respectivamente) a 2m25s do novo maillot jaune.

Amanhã terá lugar o contra-relógio colectivo (de 23 quilómetros), recaindo sobre a Garmin-Cervélo, a HTC-Highroad, a Sky e a Leopard Trek as maiores doses de favoritismo. Pessoalmente, aposto na primeira, devido ao leque de especialistas que a compõe. Contudo, será impossível que se criem grandes diferenças entre as equipas, devido à pequena extensão do percurso. Dará apenas para abrir o apetite…

Em jeito de conclusão, uma salva de palmas para mais uma tolice da ASO. Não é que agora os sprints intermédios valem 20 pontos para a camisola verde? Em etapas planas, três primeiros lugares em sprints intermédios são mais compensadores do que a vitória propriamente dita. Falta clarividência a Christian Prudhomme, meus senhores...
Octávio Lousada Oliveira

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