terça-feira, janeiro 10, 2012

Bola Fora #12 - Para contar a um miúdo


por Hélder Teixeira


É comum dizer-se que o futebol inglês é o mais espectacular do mundo. Concorde-se ou não com esta opinião, o certo é que ninguém fica indiferente ao que se passa nos relvados britânicos. Vamos a exemplos práticos.

Há um par de semanas, José Mourinho, que passou pelo Chelsea entre 2004 e 2007, veio a terreiro confessar a sua “paixão pelo futebol inglês e vontade de regressar”. O actual treinador do Real Madrid parece não ter sido o único a ter saudades da atmosfera contagiante dos estádios em terras de sua majestade. Que o digam Paul Scholes e Thierry Henry.

O médio inglês e o avançado francês foram os principais destaques da 3.ª ronda da Taça de Inglaterra, ao regressarem aos clubes onde foram figuras maiores, Manchester United e Arsenal, respectivamente.


Red devil. Nos últimos dias falava-se da possibilidade de Paul Scholes voltar a actuar pela turma de Manchester, após ter posto termo a uma ligação de 20 anos como jogador dos red devils no fim da pretérita temporada. A surpresa instalou-se quando Alex Ferguson, técnico do United, pouco antes do dérbi frente ao Manchester City, afirmou que o veterano iria sentar-se no banco.

No intervalo da partida, o Manchester United vencia facilmente por 3-0. O júbilo dos adeptos era grande, devido aos números folgados com que a turma de Old Trafford batia o rival, mas ficaria ainda maior. Aos 59 minutos, Scholes – que na semana passada era treinador da equipa de juniores do clube do qual é símbolo – foi lançado no jogo, rendendo o português Nani.

Qualquer adepto que se preze, simpatizante dos red devils ou não, deve ter esboçado um sorriso ao ver Scholes e Ryan Giggs novamente juntos em campo. Parece que foi ontem que vimos os dois erguerem o troféu da Liga dos Campeões, em 1999, numa equipa onde David Beckham ou Peter Schmeichel eram estrelas. Já passaram quase 13 anos.

Os citizens ainda reduziram a desvantagem para 3-2 mas, para registo, Paul Scholes atingiu a marca de 97% de passes bem sucedidos, porque quem sabe nunca esquece. “Penso ter ficado bem demonstrado o quanto eu senti saudades disto”, confessou Scholes, no alto dos seus 37 anos.


Gunner. “Eu e o Arsenal temos uma história de amor, com alguns dias maus”, foi assim que Thierry Henry comentou a sua ligação ao clube londrino no seu regresso a “casa”, quatro anos após ter rumado a Barcelona.

Actualmente vinculado ao New York Red Bulls, o avançado de 34 anos irá representar os gunners por empréstimo durante dois meses. Recorde-se que internacional gaulês representou o emblema da capital inglesa entre 1999 e 2007, onde apontou 226 golos em 254 jogos realizados. Contudo, Henry parece não querer parar a contagem.

Esta segunda-feira, frente ao Leeds United, o francês voltou a vestir a camisola do Arsenal e, como os hábitos são difíceis de mudar, voltou a inscrever o seu nome na folha de serviço. Henry foi o herói da partida ao apontar o golo solitário que deu a vitória aos gunners à passagem do minuto 78 e, consequente, o apuramento para a fase seguinte da Taça de Inglaterra.

No fim da partida, o timoneiro do Arsenal, Arsène Wenger, mostrava o seu contentamento com o desempenho do compatriota, e chegou mesmo a afirmar que foi “um sonho, uma história para contar a um miúdo”.

Se um dia os vossos filhos vos questionarem se existem histórias de amor no futebol e por que razão o desporto rei é diferente em Inglaterra, respondam com os exemplos de Scholes e Henry.

publicado em www.desacordo.net

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