Regresso à Madeira
A viagem de regresso faz-se no vapor Império. A 4 de Novembro de 1950, setenta dias depois de ter iniciado viagem no vapor Moçambique, a comitiva chega à Madeira. Na Madeira, todos os pormenores da digressão tinham sido acompanhados de perto e com entusiasmo pela generalidade dos madeirenses, nomeadamente através das reportagens publicadas pelo ‘Diário de Notícias’ Não admira que, uma vez mais, a cidade se encha de vida e alegria para receber o seu campeão, no regresso triunfante de África. A recepção começa, por assim dizer, quando o Império surge, cerca das cinco da tarde, na linha do horizonte, rumo ao porto do Funchal.
Festa no mar
Ao seu encontro seguem dezenas de embarcações, repletas de elementos de todas as condições sociais. Tal qual acontecera em 1926, na chegada após a conquista do título de Campeão de Portugal, não são os ‘marítimos’, são os madeirenses que vivem, pelo Marítimo, mais este momento de inesquecível glória desportiva. As Bandas Distrital, Municipal do Funchal, Municipal de Câmara de Lobos, Recreio Camponês e Escola de Artes e Ofícios, estão dentro dessas embarcações que ladeiam o Império. Tocam, incessantemente, o hino do Marítimo.
Antevisão acertada
Já passa das sete da noite quando acontece o desembarque. Mas desde as cinco da tarde, milhares de pessoas, de todas as classes e condições sociais, espalham junto ao cais e ao longo da Avenida do Mar, acenando com lenços para bordo. A edição do Diário de Notícias deste 4 de Novembro de 1950 dera conta da dimensão e significado do triunfo africano do Marítimo. Das suas páginas desse dia retirámos palavras elucidativas:
‘A nossa embaixada desportiva, quando embarcou, levava consigo duas certezas: a consciência do seu valor, e a responsabilidade que voluntariamente assumiu de honrar a Madeira. E agora volta tranquila e contente, por ter cumprido superlativamente a sua difícil mensagem; acumulou triunfos sobre triunfos, e trofeus sobre trofeus, que são a saborosa e única riqueza dos seus atletas (...) Aguardam o campeão regional grandiosas festas. Nelas comparticiparão todos os sectores desportivos, toda a Madeira. E a homenagem é o agradecimento que se deve a quem nos soube representar altivamente, não obstante a modéstia que sempre esmaltou as suas atitudes. Com o faúlhar das suas vitórias, com a simpatia da sua correcção, e com a espontânea e inalterável alegria, os atletas do Marítimo fizeram, ao sul do Equador, a melhor e a mais sadia propaganda da Madeira. Tornaram-na mais conhecida e adorada, e mais fizeram crescer na Metrópole, o prestígio do futebol insular. (...) Mais do que o futebol – repetimos – é a Madeira que está em causa. Palmas, flores, músicas e hinos em coro, esperam o Marítimo no seu regresso ao doce Lar Madeirense. (...) Benvindo seja o Marítimo, e glória aos seus triunfos! É esta efusiva saudação que fazemos ao indefectível paladino do nosso Desporto que, em terras de África, iluminou o nome da Madeira de uma cercadura de fulgurantes vitórias.’
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