Chamam-lhe "a Paris da América do Sul". Só assim se explicam as chegadas pachorrentas a Buenos Aires nas últimas edições da maior e mais dura prova de automobilismo em todo-o-terreno. Desde que o Dakar adoptou o figurino sul-americano, em 2009, que os últimos quilómetros da competição parecem retirados de uma Volta a França - com o óbvio desfile na avenida, o óbvio champanhe e o óbvio vencedor.
Por isso, para devolver algum entusiasmo ao pódio, a organização bateu o pé ao conformismo e prometeu que a etapa final de 2012 não seria um passeio de fim-de-semana pela areia. No final, acabou tudo entre... franceses. Cyril Desprès (KTM), nas motos, e Stéphane Peterhansel (Mini), nos carros, foram os grandes vencedores e repetiram o brilharete de 2005 e 2007, quando se impuseram os dois nas respectivas categorias.
O francês Peterhansel somou o 10.º triunfo no Dakar. |
O mítico rali chegou ontem ao fim, com uma curta etapa cronometrada que terminou em Lima, capital do Peru. Depois de ser cancelada em 2008 por causa de ameaças terroristas, a prova volta no ano seguinte com outro cenário. Nas últimas três edições, a caravana cortou a meta na Argentina, até a organização decidir complicar os últimos quilómetros. Este, diz-se, foi o Dakar mais africano desde que a prova chegou à América do Sul. Culpem-se as traiçoeiras dunas do Peru.
E quem ganha, já se sabe, são sempre os mais rápidos, os mais consistentes, os mais serenos e (porque não?) os mais sortudos. Mas vamos por partes. Peterhansel, que continua a fazer justiça ao epíteto de Monsieur Dakar, completou sem problemas a especial entre Pisco e Lima e venceu pela 10.ª vez a competição - seis edições em moto (1991, 92, 93, 95, 97 e 98) e quatro em automóvel (2004, 2005, 2007 e 2012). "Se pensarmos no quão difícil é vencer o Dakar, não sei como consegui vencer dez", disse o piloto, que preferiu não alimentar a polémica com o norte-americano Robby Gordon, que há dias garantia que os "Mini são para meninas".
Nas motos, Cyril Desprès bateu o eterno rival Marc Coma. |
Já Cyril Desprès tinha o triunfo quase assegurado desde sábado, quando conseguiu uma vantagem de 56 minutos sobre o eterno rival, Marc Coma (desde 2005 que vão revezando o título). O espanhol sofreu uma penalização de 45 minutos por ter trocado o motor devido a uma avaria. No entanto, a prova começou a decidir-se a favor do francês logo no início do rali. Primeiro foi um erro de navegação que custou preciosos minutos a Coma, depois, na oitava etapa, a organização decidiu devolver-lhe os minutos perdidos quando ficou enterrado na lama. "Foi o Dakar mais duro da minha carreira, fisicamente, mas sobretudo mentalmente", desabafou Desprès.
Entre os portugueses, Hélder Rodrigues tem motivos para sorrir. O piloto da Yamaha terminou o Dakar em terceiro, repetindo o pódio de 2011. Ruben Faria (KTM) segurou o 12.º lugar, Paulo Gonçalves (Husqvarna) foi 26.º e Pedro Bianchi Prata (Husqvarna) 42.º. Carlos Sousa foi o melhor nos automóveis, levando o SUV Haval da equipa chinesa Great Wall ao sétimo posto da classificação geral. Logo a seguir ficou Ricardo Leal dos Santos (Mini).
in ionline.pt
Classificação Geral (Carros):
1.º Stéphane Peterhansel (França / Mini), 38:54.46 horas
2.º Nani Roma (Espanha / Mini), a 41.56 minutos
3.º Giniel de Villiers (África do Sul / Toyota), a 1:13.25 horas
4.º Leonid Novitskiy (Rússia / Mini), a 2:11.54
5.º Robby Gordon (EUA / Hummer), a 2:16.53
(...)
7.º Carlos Sousa (Portugal / SUV Haval), a 4:30.24
8.º Ricardo Leal dos Santos (Portugal / Mini), a 5:03.18
Classificação Geral (Motos):
1.º Cyril Desprès (França / KTM), 43:28.11 horas
2.º Marc Coma (Espanha / KTM), a 53.20 minutos
3.º Hélder Rodrigues (Portugal / Yamaha), a 1:11.17 horas
4.º Jordi Viladoms (Espanha / KTM), a 1:40.56
5.º Stefan Svitko (Eslováquia / KTM), a 1:47.28
(...)
12.º Ruben Faria (Portugal / KTM), a 4:13.10
26.º Paulo Gonçalves (Portugal / Husqvarna), a 8:10.26
42.º Pedro Bianchi Prata (Portugal / Husqvarna), a 13:00.02
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