Para os muitos que não acompanham o ciclismo e que se limitam a discorrer sobre o mesmo na óptica de que basta ter glóbulos vermelhos para que estes veiculem o oxigénio até aos músculos – vulgo, ter pernas – a etapa de ontem provou precisamente o contrário.
O líder da prova, Thor Hushovd, revelou muita nobreza e altruísmo. Foi de excepção a forma como abriu caminho à vitória do seu companheiro de equipa Tyler Farrar. É raro ver-se um camisola amarela desbravar mato como se viu esta segunda-feira na chegada a Redon, depois de 198 quilómetros em terreno relativamente plano.
O norte-americano Farrar está de parabéns, tal como o maillot jaune, o lançador do vencedor da tirada de ontem, Julian Dean, e ainda o director desportivo da Garmin-Cervélo, Jonathan Vaughters, pela manifesta coragem ao colocar o seu comboio à disposição do seu melhor sprinter – que até nem era o principal favorito.
A dedicatória a Wouter Weylandt, falecido na edição deste ano do Giro, ainda tornou mais nobre uma vitória, que, não sendo surpresa, demonstra a importância do trabalho e esforço colectivos no ciclismo.
Nota negativa para Cavendish, o grande candidato ao triunfo nesta chegada massiva, que foi apenas 5.º e destaque pela positiva para o francês Romain Feillu e para o campeão espanhol José Rojas Gil, pelos lugares obtidos (2.º e 3.º, respectivamente).
De salientar ainda que com bonificações à chegada, este cenário não teria sido possível, uma vez que Hushovd teria que ir disputar os 20, 12 e 8 segundos extra com o “Expresso da Ilha de Man” e outros ciclistas que ameaçassem a sua liderança.
Há sprints que valem a pena. Este foi um deles.
Octávio Lousada Oliveira
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