sábado, julho 16, 2011

COL DU GALIBIER #13: Já vi tudo no ciclismo...


A vitória de Thor Hushovd na tirada desta sexta-feira foi quase uma projecção do imaginário colectivo dos amantes de ciclismo. Ainda estou incrédulo com aquilo a que assisti. Nunca vi um porco a andar de bicicleta, mas, doravante, poderei afirmar que já vi um sprinter, com 1,83 metros e 83 quilogramas, vencer uma etapa em que dobrou o Col d’Aubisque como se estivesse a contornar uma rotunda no último quilómetro de uma chegada em pelotão compacto. Notável!

E, mais do que a capacidade física patenteada, foi a lição táctica do “Touro de Grimstad” que saltou à vista. “Deixou” escapar Jérémy Roy, da Française-des-Jeux, durante a escalada ao Aubisque (subida de categoria especial) para na descida e na parte plana, bem mais ao seu jeito, apanhar e passar directo pelo francês, ainda que com a colaboração de um impotente David Moncoutié (Cofidis).

Hushovd veio confirmar a boa prestação da Garmin-Cervélo nesta edição da Grande Boucle, dando mais uma vitória à formação norte-americana, que agora lidera também a classificação por equipas.

O triunfo na chegada a Lourdes, depois de percorridos 152,5 quilómetros, prova que o norueguês está cada vez mais um ciclista polivalente. A sua capacidade para o sprint é inegável, embora já não seja dos melhores nesse capítulo. Defende-se cada vez melhor nos contra-relógios individuais, bem como a rolar e, nos últimos tempos, tem desenvolvido qualidades no que respeita à forma como enfrenta a média e alta montanha, integrando-se em fugas e indo buscar pontos onde todos os rivais na luta pela camisola verde não conseguem.


Em relação aos homens para o triunfo final, pouco há a assinalar. Ninguém mexeu na corrida, num dia muito morno e de poupança para a dura jornada deste sábado. No total serão seis as contagens de montanha, com chegada ao mítico Plateau de Beille, montanha de categoria especial.

Estou certo de que amanhã se farão diferenças mais significativas do que aquelas que se verificaram em Luz-Ardiden. Direi mesmo que mais um dia mau para Contador poderá ditar o adeus à vitória final. E, sem azares pelo meio, estou curiosíssimo por assistir à prestação de Peter Velits, bem como aferir da capacidade de resistência – se é que ficou alguma coisa por provar – de Thomas Voeckler.

Uma nota final para um ciclista que muito prezo e que aumentou o rol de desistências: ainda que veterano, é uma pena ficarmos privados de ver Andréas Klöden no que resta da prova gaulesa.

Octávio Lousada Oliveira

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