segunda-feira, julho 18, 2011

COL DU GALIBIER #15: (A)normalidade


Mark Cavendish, quem mais? Na etapa deste domingo, que ligou Limoux a Montpellier, o sprinter da HTC-Highroad voltou a não dar qualquer hipótese aos seus rivais. Tyler Farrar (Garmin-Cervélo) e Alessandro Petacchi (Lampre) bem tentaram mas o “Expresso da Ilha de Man” insiste em tornar fáceis as previsões dos adeptos quando é de chegadas em pelotão compacto que se fala. Já é uma (a)normalidade que ninguém questiona.

Dissertar sobre o triunfo do britânico seria chover sobre o molhado. Prefiro dar ênfase à estratégia montada pelo director desportivo da formação norte-americana, Allan Peiper. O team manager dá-se ao luxo de conseguir controlar estas etapas praticamente planas com apenas dois homens, Lars Bak e Danny Pate, tal como referiu no final da etapa o próprio Mark Renshaw, deixando de reserva para os derradeiros quilómetros Bernhard Eisel, Matthew Goss, Tony Martin, Peter Velits – estes dois já fora da luta pela geral individual – e, obviamente, Mark Renshaw.

Depois é imprimir um ritmo duríssimo e que ninguém consiga furar – veja-se o caso de Phillipe Gilbert (Omega Pharma-Lotto), que ainda hoje tentou a sua sorte -, e levar Cavendish nas melhores condições até cerca de 300 metros da linha de chegada. E aí, enfim, todos sabemos…


Num dia de alguma placidez, apesar do vento que se fez sentir no Sul de França, começaram já as projecções para os Alpes, até porque amanhã chega o merecido descanso. Contador (Saxo Bank-Sungard) assegura que não vai chegar a Paris sem atacar, mesmo reconhecendo que será difícil vencer a Grande Boucle pela 4.ª vez, Voeckler (Europcar), honestamente ou não, diz que as probabilidades de manter a amarela são nulas e Andy Schleck (Leopard Trek) aponta Cadel Evans (BMC) e Ivan Basso (Liquigas) como principais ameaças ao seu triunfo. Estarei atento à próxima abordagem montanhosa…

Nesta segunda parte da corrida, sou “obrigado” a sublinhar, além do já referido Cavendish, os desempenhos do norueguês Thor Hushovd (Garmin-Cervélo), pela jornada verdadeiramente gloriosa em que cruzou o Col d’Aubisque e chegou isolado a Lourdes, Samuel Sánchez, por ser o único homem para a geral que se mexeu efectivamente em busca dos seus objectivos e até venceu em Luz-Ardiden, e o herói dos franceses, Thomas Voeckler. Eu, que sempre coloquei sérias interrogações à sua qualidade e que, em parte, o considerei fruto de uma admiração exacerbada do povo francês, órfão de uma referência maior no ciclismo desde Bernard Hinault, estou rendido.
Octávio Lousada Oliveira

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