Aprecio bastante o Manuel Cajuda. Sobretudo pelo facto de ter conseguido, em 2003/2004, apurar o Marítimo para a Taça UEFA. É do domínio público a crise desportiva e financeira que a União de Leiria atravessa, mas apesar das contrariedades, Manuel Cajuda, desde que assumiu as funções de técnico da formação do Lis, tem vindo a garantir que o clube não será despromovido.
Para quem acompanha minimamente a Liga Portuguesa, até à tarde de ontem poucos acreditariam que os leirienses conseguissem assegurar a permanência. Mas a recém empossada direcção da Liga decidiu alterar as regras do jogo quando ainda faltam 8 jornadas por disputar. Ninguém desce à Liga Orangina, e parece que Cajuda tinha razão. A confirmar-se esta decisão o Leiria nem qualquer outro clube não desce.
O que aconteceu ontem na assembleia geral da Liga é bem mais grave que um penálti por marcar ou um golo em fora-de-jogo num Benfica x FC Porto. O que aconteceu ontem é adulterar a verdade desportiva. Para os clubes que ainda lutam pela manutenção a partir de agora perder um jogo não será problema. Ou seja, para essas equipas os 8 jogos que faltam são apenas formalidade. Para cumprir calendário.
As contas do título e da Europa ainda não estão decididas e as formações que ainda lutam por estes objectivos vão ter que jogar com outros conjuntos que poderão ou não a partir de agora ter qualquer... objectivo. E se esta ideia for mesmo para a frente a Liga Zon Sagres 2011/12 perde toda a credibilidade. Uma mentira que é resultado da sede de poder.
Se querem alargar de 16 para 18 clubes, a "Liguilha" seria uma boa solução (o 15.º e 16.º da Liga Zon Sagres e o 3.º e 4.º da Liga Orangina, lutariam entre si por duas vagas no escalão principal), pois haveria competição até ao fim e não se premiaria o demérito.
Mas para quê aumentar o número de clubes? Se a ideia é aproximar a nossa Liga aos campeonatos de Espanha, Inglaterra ou Itália, que contam com 20 emblemas, não faz qualquer sentido, até porque o futebol português tem ganho competitividade desde que tem 16 equipas no principal escalão. Todos os dias corre muita tinta sobre ordenados em atraso que assolam diversas equipas por todo o país. Quando todos conhecem os graves problemas financeiros que Portugal atravessa, o futebol não pode de forma alguma ser um mundo à parte.
E vamos ser francos: não há dinheiro para ir à bola, parece que a moda do meio milhar de adeptos nos estádios está aí para durar. O desporto rei nacional poderá ficar ferido de morte, o que levará à continuação do afastamento das pessoas com o futebol. E o povo tem quase sempre razão, iremos ver se o Manuel Cajuda também.
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