quarta-feira, março 31, 2010

Brasil 1950 - O que dizem as bilhardeiras?


"Quando o árbitro apitou para o final da partida, olhei para o lado e vi o Obdulio feito um louco, dando cambalhotas. Tive muita vontade de chutá-lo"

Zizinho, médio da selecção brasileira

Brasil 1950 - A Figura


Obdulio Varela (Uruguai)

Num Campeonato do Mundo recheado de bons momentos de futebol e com duas equipas soberbas, Brasil e Uruguai, foram muitas as figuras da prova. Os brasileiros Ademir e Zizinho seriam sempre uma escolha pacífica, tal a mestria, a qualidade do seu jogo, mas, exactamente pelos mesmos motivos, também os celestes Schiaffino e Ghiggia poderiam ser eleitos. Então quem mereceria ser destacado como o melhor? Esse teria, neste caso de ser o mais influente, o mais importante jogador na inesperada mas fantástica conquista do Uruguai. A balança acabou por pender para Obdulio Varela, capitão e dono do meio campo que serviu de motor à vitória final.

Com um talento que mereceu a atenção do escritor Nelson Rodrigues - "Varela não ata as chuteiras com cardaços mas com as veias" -, o centrocampista que fez história no Peñarol, teve no Campeonato do Mundo de 1950 (ainda participou no de 1954) a prova à altura do seu estatuto. Foi ele, como líder dentro das quatro linhas e armador de jogo, o grande responsável pelo sucesso da equipa naquele Verão que ficou sempre marcado na memória dos brasileiros. Célebre foi a forma como incentivou os companheiros face ao ambiente adverso que os esperava no Maracanã: "Olhem só para a relva, pois é na relva que vamos ganhar e não nas bancadas!".


Botas utilizadas por Varela na final do Maracanã em 1950.

100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 5

Mão para Penalty

Na primeira vez que o Marítimo vai à grande área azul é cometida grande penalidade. Não assinalada. José Ramos (Zé Pequeno) executa um cruzamento de que "nada resulta – senão uma mão da defesa belenenses, dentro da grande área mas que o árbitro não castiga", escreve-se n´‘Os Sports’. Este lance terá representado o início da ‘revolta’ madeirense contra o domínio lisboeta. Pouco depois será cometida nova grande penalidade pelo Belenenses. Não convertida. O intervalo chegaria com o resultado em branco, por falha dos verde-rubros. Antes do regresso às cabinas, Ortega lesionara-se em disputa de bola com um avançado azul e precisou ser socorrido. O jogo esteve interrompido por alguns momentos. Mas o final da primeira parte traz um domínio claro e perigoso do Marítimo.

Aproveitar Oportunidades

Na segunda parte foram os de Lisboa os primeiros a desperdiçar magnífica oportunidade para apontarem o primeiro tento da partida. O capitão belenense, Augusto Silva, ‘manda’ no jogo ... Na resposta, será obtido primeiro golo do Marítimo. É apontado um livre (a castigar o que é considerada a ‘maldade’ belenense) que vai embater na trave; na recarga surge o primeiro tento da partida, da autoria de José Fernandes (Bisugo). Estavam decorridos 10 minutos da segunda parte. Poucos minutos depois acontece o segundo golo. O extremo esquerdo do Marítimo recebe a bola do seu médio e efectua um magnífico centro. A bola é recolhida por José Ramos (Zé Pequeno), completamente isolado, que aponta sem hipótese de defesa para o guarda-redes lisboeta.
Augusto Silva de novo

Reagindo a total despropósito a este segundo golo, o capitão do Belenenses dirige-se ao árbitro, "segurando- o violentamente por um braço", como se pode ler na crónica do Diário de Notícias de Lisboa do dia seguinte ao jogo. E insultando-o, como o próprio viria a declarar. É ordenada a expulsão do capitão azul. Esta decisão não é respeitada. Augusto Silva insiste em manter-se em campo. O juiz da partida, impossibilitado de outra acção, consulta os dirigentes da União que assistem ao encontro, deslocando-se à respectiva tribuna. No regresso ao campo, volta a solicitar a saída de campo do jogador lisboeta. E volta a ser desobedecido. A situação caminha para um aparente impasse. Não se vislumbra outra solução que não seja a de dar o jogo por acabado. E considerar o Marítimo vencedor.

Público aplaude Marítimo

Apesar de desiludido com o desfecho antecipado da partida, o público compreende e acata a decisão do árbitro. Os jogadores do Belenenses retiram- se, finalmente, de campo. Os do Marítimo festejam entre si e são saudados por toda a assistência. Era o justo tributo aos vencedores. Mas, é a altura de se esclarecer, a propósito da polémica alimentada pelos belenenses quanto às preferências e isenção dos espectadores, que a imprensa da época é unânime na consideração de que, antes e no decurso da partida, os aplausos premiaram os melhores lances e os seus intérpretes, independentemente das cores das camisolas. Completamente convencidos das condições normais em que o jogo se disputou e sem qualquer argumento válido para contradizer a decisão do árbitro em dar o encontro por terminado, os responsáveis do Belenenses declaram, no final da partida, que não vão protestar o jogo… Os festejos da vitória verde-rubra começam logo no final da partida. Os jogadores madeirenses são levados em triunfo até ao hotel onde estavam alojados. Sucedem-se os cumprimentos e as felicitações de particulares e entidades oficiais.

terça-feira, março 30, 2010

O que dizem as bilhardeiras?

Onze da Jornada 24

Luisão é o Homem da Jornada. O internacional brasileiro marcou o golo decisivo na vitória do Benfica frente ao SCBraga. Assim, ajudou a equipa encarnada a distanciar-se no topo da classificação e "arrumar" com a atribuição do título, que já não deverá fugir à equipa da Luz.

G - Berger (Leixões) - 6 Pontos
D - Luisão (Benfica) - 15 Pontos
D - Rolando (FCPorto) - 9 Pontos
D - Tengarrinha (Olhanense) - 7 Pontos
M - Tchô (Marítimo) - 7 Pontos
M - Neca (V. Setúbal) - 7 Pontos
M - Rui Miguel (V. Guimarães) - 7 Pontos
M - Vítor Gomes (Rio Ave) - 6 Pontos
A - Djalmir (Olhanense) - 12 Pontos
A - Cássio (U. Leiria) - 8 Pontos
A - Keita (V. Setúbal) - 7 Pontos

Pontos Totais (sem capitão) - 91 Pontos
Pontos Totais (com Luisão a capitão) - 106 Pontos

Brasil 1950 - "Maracanazzo"

A II Guerra Mundial tinha finalmente acabado, a Europa ainda tentava curar as feridas da guerra, mas a FIFA já se organizava para o regresso do Campeonato do Mundo. Em 1946, no Luxemburgo, ficaria decidido que a competição iria realizar-se em solo sul-americano, mais concretamente no Brasil, e que o troféu agora passaria a ser conhecido como Taça Jules Rimet, o francês que idealizara a prova.
O Mundial de 1950 ficou longe da perfeição devido ao número de desistências e ausências de última hora, devido a motivos extra-desportivos. Foi o caso das duas Alemanhas, banidas pela FIFA, muitas outras selecções também não responderam ao convite por não poder custear o envio de uma selecção para a América do Sul. Outros casos de ausências, foram o da Argentina, devido a a divergências com a Confederação Brasileira de Futebol, e a Índia que não foi autorizada a que os seus jogadores entrassem descalços em campo. A fase final teve então de disputar-se apenas com 13 equipas.

O mítico Maracanã com capacidade para 200 mil pessoas foi o palco principal do Mundial de 1950.

Com tantos problemas na organização a FIFA teve então que reformular os moldes do Mundial, o mesmo passaria a ser jogado em poules, tanto no início como no fim. O campeão ficaria decidido após ser o melhor classificado de um "grupo final" de quatro selecções, onde todos jogavam contra todos. Aumentando assim as receitas, com mais jogos, nesse aspecto o sucesso foi estrondoso, ficava finalmente provado que o futebol poderia ser um excelente negócio.

O golo de Ghiggia, que ensobraria toda a vida do guardião brasileiro, Barbosa.

A primeira parte contemplou quatro grupos, no Grupo A, destaque para as derrotas da Inglaterra com os EUA e Espanha, que deixou os britânicos fora de combate, pagando assim bem caro o isolamento a que se haviam obrigado, ao renegarem durante anos a sua presença num Mundial. No Grupo 3, a Suécia, campeã olímpica em título, deixou pelo caminho o Paraguai e a Itália, muito debilitada devido a um acidente de aviação que vitimou vários jogadores da Torino, habituais titulares da Squadra Azurra. O Uruguai por sua vez teve a sua tarefa muito facilitada, pois apenas teve que disputar um jogo frente à Bolívia (8-0), por culpa das desistência de outras selecções do Grupo 4. Quanto ao Brasil, estreou o Estádio do Maracanã frente ao México (4-0), venceu a Jugoslávia e empatou com a Suíça, atingindo assim com facilidade um lugar na fase seguinte.

O Uruguai sagra-se pela segunda vez Campeão do Mundo, já o havia conseguido em 1930.

Na poule final, o Brasil que contava com Ademir, Jair e Zizinho, parecia embalado para o título, apenas o Uruguai poderia fazer-lhes frente. Após a conjunção de resultados do Grupo (Brasil, Espanha, Suécia e Uruguai), o Brasil partia para o último jogo, frente ao Uruguai, apenas necessitando de um empate para se sagrar pela primeira vez Campeão Mundial. E que melhor cenário para o conseguir que um Maracanã com 200 mil ferverosos espectadores? O Brasil adiantou-se no marcador por Friaça, porém o Uruguai mais forte fisicamente por ter disputado menos jogos, conseguiu uma reviravolta notável com golos de Schiaffino e Ghiggia. A derrota do escrete, foi tão traumática, que o Brasil não disputou jogos em casa nos 4 anos seguintes. Por outro lado, o 16 de Julho ainda hoje é celebrado no Uruguai. É dia de... Maracanazzo!

Jogo Decisivo, 16 de Julho de 1950, Rio de Janeir0

Brasil 1-2 Uruguai

Friaça 47'; Schiaffino 66' e Ghiggia 79'

segunda-feira, março 29, 2010

O que dizem as bilhardeiras?

"A Furna é fodida!"

by Dani Danilo

França 1938 - Nomes & Números

Anfitrião: França
Vencedor: Itália
2º Lugar: Hungria
3º Lugar: Brasil
4º Lugar: Suécia

Números da Prova
15 Países
18 Jogos
84 Golos
4.67 Média de golos por jogo
483 000 Espectadores
26 883 Média de especadores por jogo
4 Expulsões
2 Auto golos
Participantes:
Europa: Alemanha, Bélgica, Checoslováquia, França, Holanda, Hungria, Itália, Noruega, Polónia, Roménia, Suíça e Suécia
América do Sul: Brasil
América do Norte, Central e Caraíbas: Cuba
Ásia: Índias Orientais Holandesas

Dream Team do Mundial 1938:
Planicka (CHE);
Domingos da Guia (BRA) e Rava (ITA);
Andreolo (ITA), Tim (BRA) e Meazza (ITA);
Sarosi (HUN), Wetterstroem (SUE), Piola (ITA), Leônidas (BRA) e Colaussi (ITA).

Melhor Marcador:
Leônidas (BRA) - 8 Golos

Onze Base da Campeã Itália

França 1938 - O que dizem as bilhardeiras?


"Foi como um presente dos céus saber que Leônidas não jogaria. Verdadeiro artista, malabarista da bola, era o jogador que surpreendia a todos."



Alfredo Foni, defesa da seleção italiana, comemora ausência do adversário brasileiro na meia-final da Campeonato do Mundo.

domingo, março 28, 2010

França 1938 - A Figura

Leônidas da Silva (Brasil)


Geralmente o critério que preside à eleição do melhor jogador de um Campeonato do Mundo obriga à escolha do elemento que mais influência teve no percurso da equipa campeã. Tal como Stábile em 1930 ou o húngaro Puskas em 1954, neste mundial o brasileiro Leônidas foi uma excepção à regra.

O Brasil foi eliminado nas meias-finais, com a Itália por 2-1, mas... sem Leônidas. Com o jogador extremamente desgastado devido à dureza do jogo anterior, frente à Checoslováquia, o seleccionador canarinho achou por bem fazê-lo descansar e... perdeu. O que teria acontecido se Leônidas, melhor marcador da prova com oito golos, tivesse jogado? Impediria o bis da Itália? Seria esta a primeira Copa do Brasil? Não se sabe, mas não faltou quem o afirmasse.

Ficou na história da competição por ter marcado quatro golos num só jogo, no 6-5 frente à Polónia, curiosamente num desafio em que um polaco conseguiu tal feito.

Considerado como o inventor do pontapé de bicicleta - facto que, humildemente, sempre tentou negar - Leônidas era um jogador desconcertante, veloz, elástico até, de tal forma que ficou conhecido no mundo do futebol como o Homem de Borracha.

100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 4


Porto com quem?

Os argumentos do Belenenses para não disputar a final do campeonato no Porto eram, pelo menos em parte, descabidos. Compreende-se que não houvesse a melhor das disposições para enfrentar as animosidades dos espectadores nortenhos. Mas querer com isso significar que o apoio seria dedicado ao Marítimo não passava de mera presunção. Derrotados copiosamente na meia-final (os tais 7-1), que ‘estômago’ teriam os portistas para apoiar o ... ‘carrasco’ do seu clube campeão?
Final no Porto

Essas anteriores vitórias do Marítimo na capital do Norte eram um bom prenúncio. E, finalmente assente o dia da realização do jogo (6 de Junho, uma semana depois da data inicialmente prevista), o Marítimo deixa Lisboa, onde permanecia desde a disputa da meia-final, com um único objectivo: conquistar o título máximo do futebol português. O jogo terá lugar no Campo do Ameal. Cabe ao portuense José Guimarães arbitrar. As equipas apresentam as seguintes formações: Marítimo: Ortega; António Sousa (Ranfão) e José Correia (Mariasinha); Domingos Vasconcelos (Beiçolinhas) (cap.), Francisco Lopes (Fancheca) e José Sousa (Patas); José Ramos (Zé Pequeno), António Alves, António Teixeira (Camarão), Manuel Ramos (Janota) e José Fernandes (Bisugo). Belenenses: Assis; Azevedo e Morais; Almeida, Augusto Silva (cap.) e César; António, Rodolfo, Severo, Pepe e Ramos.
Ambiente Fantástico

O ambiente que rodeia o jogo é fantástico. "O aspecto do campo quando faltam poucos minutos para começar o encontro é magnífico", relata o correspondente d´‘Os Sports’. E prossegue: "Camarotes, bancadas, recinto dos peões – tudo a transbordar. Respira-se a atmosfera de ansiedade; pelo interesse do jogo e pela curiosidade de presenciar a atitude do público". Quando falta muito pouco para as 16 horas, o Marítimo entra em campo. É acolhido com simpatia. Os jogadores madeirenses correspondem com ‘hurras’. Surge o Belenenses. Os lisboetas são saudados com a mesma cortesia. "Desanuviam-se os espíritos mais receosos", escreve o jornalista d´‘Os Sports’, que sublinha o facto dos jogadores belenenses corresponderem às saudações que lhes foram dirigidas. Os receios lisboetas sobre o favoritismo do público revelam-se, para já, infundados.
Energia Lisboeta

O encontro começa com um Belenenses francamente atacante. O embate entre a sua linha avançada e a 59 Apontamento do primeiro golo do Marítimo sobre o Belenenses, apontado por Bisugo. Zé Pequeno aponta o segundo golo do Marítimo. Os belenenses ‘perdem a cabeça’ e vão acabar por abandonar o campo. defesa maritimista começa a pender a seu favor. Parece que o objectivo dos lisboetas é resolver a partida logo no seu início. Ortega entra em acção primeiro que o seu par belenense. O jogo endurece. São frequentes os despiques corpo a corpo. A linhas defensiva e média do Marítimo tentam sacudir a pressão colocando a bola o mais longe possível. De tudo isto resulta um futebol mais emotivo que agradável. O Belenenses, mesmo sem jogar bem, domina a partida, malgrado não conseguir criar situações óptimas para a finalização.

França 1938 - Itália Vezes Dois

1938, era uma época conturbada, especialmente na Europa, o III Campeonato do Mundo de Futebol contou uma vez mais com recusas e desistências por parte de algumas selecções. Desde logo a Espanha que na altura era dizimada pela Guerra Civil, a Áustria acabou por desistir devido à invasão do exército nazi, a Inglaterra continuava a rejeitar participar no torneio, por ainda achar-se dona e senhora do desporto rei. Na América do Sul, Argentina e Uruguai declinaram representar-se, os primeiros por terem perdido a corrida a organização do Mundial, os segundos por considerarem que a FIFA estava a desrespeitar o princípio de alternância entre continentes. O Campeonato foi realizado em solo gaulês como forma de homenagear o criador da prova, Jules Rimet. Apesar da França estar mergulhada numa grave crise económica, conseguiu arranjar fundos para construir cinco novos estádios.

Jogo de abertura do França'38 entre Alemanha e Suíça.

Mais uma vez na Fase Final não houve grupos, pela primeira vez houve selecções que tiveram apuramento directo por ordem da FIFA, casos da França, país organizador, e Itália, campeã em título. Devido ao escasso número de participantes das Américas, Brasil e Cuba tiveram passaporte directo para a competição tal como as ìndias Orientais Holandesas (actual Indonésia), que inaugurou a presença de países asiáticos num Mundial. Os oitavos de final foram marcados pelo equilíbrio, excepto a Hungria que despachou os inexperientes indonésios por 6-0, e da Suécia que passou directamente aos quartos, pela impossibilidade da Áustria estar presente. Dois encontros só se resolveram no jogo de repetição, Cuba - Roménia e Suíça - Alemanha, a Itália e Checoslováquia apenas decidiram a passagem no prolongamento frente à Noruega e Holanda, respectivamente, destaque ainda para entre o Brasil e a Polónia, jogou que acabou com o sugestivo resultado de 6-5, com dois pokers, Leónidas (figura da prova) pela canarinha e Willmowski pelos polacos.

Giuseppe Meazza, Il Peppino, o capitão conduz uma vez mais Itália à vitória num Mundial.

Já nos quartos de final o anfitrião foi afastado pela Itália, pela primeira vez o país organizador não venceria o torneio, seria preciso esperar até 1966 para que esse facto voltasse a acontecer. No Brasil, Leónidas era figura de destaque e reafirmava a sua preponderância na equipa, ajudando a afastar a Checoslováquia. A Suécia esmagou Cuba por 8-0 e a Hungria bateu a Suíça.
Nas meias finais os magiares, com a sua fabulosa formação que contava com Szabo, Sarosi e Szengeller, afastaram a Suécia por expressivos 5-1. O outro jogo era uma final antecipada entre Itália e Brasil. O jogo de Marselha ficou marcado pela arrogância brasileira ao deixar descansar a sua maior estrela, Leónidas. Um erro que acabou por ser fatal, a Itália venceria fruto de uma grande penalidade duvidosa e chegaria assim à sua segunda final de um Campeonato do Mundo.

Itália vezes dois, sob os comandos de Vittorio Pozzo.

Chegada à final, 58 445 espectadores encheram as bancadas, viram a Itália impor facilmente a sua superioridade táctica ao vencer por 4-2 a Hungria. Muito por culpa do treinador Vittorio, vencedor pela segunda vez da competição, excelente "psicólogo" e líder de homens, o seu nome irá ficar para sempre associado ao Campeonato do Mundo. Esta foi também a final que marcou a despedida do Mundial durante 12 longos anos. Meses depois a Alemanha invadia a Checoslováquia, e logo de seguida a Polónia... era o eclodir da II Guerra Mundial.

Final, 19 de Junho de 1938, Paris
Itália 4-2 Hungria
Colaussi 6', 35', Piola 18', 32'; Titkos 8', Sarosi 70'

sábado, março 27, 2010

sexta-feira, março 26, 2010

100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 3


Rivalidade Porto-Lisboa

...Percebe-se melhor a posição dos lisboetas nas palavras do seu director, Salvador do Carmo, publicadas no Sports: "Neutro não pode só ser considerado o campo onde se joga. Neutro tem de ser o próprio público, o ambiente, de forma que não haja qualquer factor que possa ter influência no resultado". E mais à frente, de modo esclarecedor, o mesmo director belenense declara: "O Porto é abertamente contra nós! É declaradamente contra Lisboa!". Pela mesma altura, um dirigente do F. C. Porto declarava ao Diário de Notícias de Lisboa (a propósito do jogo com o Marítimo) que o seu clube não jogaria mais em Lisboa, usando argumentos semelhantes.
Em qualquer lado

Da parte do Marítimo a situação é, desde o princípio, clara. O jogo está antecipadamente marcado e essa determinação deve prevalecer sobre a vontade de qualquer um dos finalistas. Mas o Marítimo joga onde a ‘União’ mandar ... O Dr. António Pita, delegado do clube junto da ‘União’, afiança, na mesma edição do ‘Sports’, que "o Marítimo é um clube disciplinado, joga onde a ‘União’ o mandar jogar. Nisto se resume a sua atitude". Uma posição complementada com 57 Os capitães Domingos Vasconcelos (Marítimo) e Augusto Silva (Belenenses), na antevisão ao encontro da final. a seguinte declaração: "Mas a ‘União’ há-de mandar! Porque o Marítimo não entra em negociações. Acata ordens ... mais nada". Face à insistência do jornalista, o delegado do Marítimo confirma a disponibilidade do clube para jogar em qualquer lado. Mesmo em Lisboa. "Mas o que queremos também é que a União cumpra os Regulamentos. Se não o fizer, lá estaremos a pedir-lhes responsabilidades. A não ser ... que ela tenha justificado previamente o seu procedimento", esclarece António Pita.

Hesitações e Adiamento

Esta posição é, de algum modo, coincidente com a posição assumida pelo Belenenses, que pela voz de Salvador Pais, garante disponibilidade do clube azul para jogar em qualquer parte. Excepto na cidade onde o jogo deveria, por força regulamentar, realizar-se. A hipótese de jogar no Funchal, tão irrealista quanto indesejada, chega a ser admitida pelo dirigente belenense. Qualquer outra cidade do país – a do Porto excluída – seria incondicionalmente aceite. Em último caso ... pois que se atravessasse o Atlântico, rumo à Madeira. O certo é que, independentemente da manifesta impossibilidade de alterar o local previamente determinado para disputar a final, o Belenenses, fazendo uso de uma força estranha à regulamentação, conseguiu impor o adiamento do jogo por uma semana.
Augusto Silva

Entretanto, Augusto Silva, ‘capitão’ do campeão de Lisboa, vai melhorando da grave lesão sofrida num braço. A qual o tinha impedido de marcar presença no jogo com o Olhanense. Na antevisão do Diário de Notícias de Lisboa (23/5/26) dessa meia-final entre Belenenses e Olhanense, pode ler-se que ‘o desastre sucedido a Augusto Silva enfraqueceu sobremaneira o seu onze de honra’. A lesão do jogador belenense aconteceu na disputa do jogo de qualificação para as meias-finais, frente ao Sporting de Espinho. Com a semana de adiamento da final a disputar com o Marítimo, Augusto Silva recupera e vai marcar presença no jogo. E nela terá um papel, para o bem e para o mal, determinante.

quinta-feira, março 25, 2010

20ª Ronda - Classificação Liga de Portugal

Taça Tahiti - Quartos de Final - 2ª Mão

Quartos de Final - 2ª Mão (Jornada 24)
QF 1 - Madeira Livre FC x Los mariachis.pt (agg. 49 - 37)
QF 2 - Estreitos Unidos x Jack Daniel's (agg. 45 - 45)
QF 3 - GanitaFC x Coral SC (agg. 31 - 39)
QF 4 - Redheart's Corner x Apito Queimado (agg. 39 - 34)

¡Feliz Cumpleaños!

¡La liga de Tahití y todas las estaciones de trén desean FELIZ CUMPLEAÑOS a Tiago EVOLUCIÓN SIETE!

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"La cucaracha, la cucaracha
Ya no puede caminar
Porque no tiene, porque le falta
La patita principal"
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Entrada en la Liga
Fula FC - 2007/08 - Fundador de la Liga de Tahití
Liga de Tahití
Fula FC - 2007/08 - 7º Lugar
Jamal Team - 2008/09 - 4º Lugar
Copa de Tahití
Fula FC - 2007/08 - Cuartos de Final
Jamal Team - 2008/09 - Cuartos de Final

Otras Curiosidades (desde 2007)
Semanas como líder - 0
Semanas como linterna roja - 9
Ganador de la Jornada - 3 veces
Pior de la Jornada - 8 veces
Pontuación más alta - 60 Puntos
Pontuação más baja - 0 Puntos (equipo no válido)

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"La cucaracha, la cucaracha
Ya no puede caminar
Porque no tiene, porque le falta
Marihuana pa' fumar"

quarta-feira, março 24, 2010

Itália 1934 - Nomes & Números


Anfitrião: Itália
Vencedor: Itália
2º Lugar: Checoslováquia
3º Lugar: Alemanha
4º Lugar: Áustria

Números da Prova
16 Países
17 Jogos
70 Golos
4.12 Média de Golos por jogo
395 000 Espectadores
23 235 Média de Espectadores por Jogo
1 Expulsão
0 Auto Golos



Participantes:
Europa: Alemanha, Áustria, Bélgica, Checoslováquia, Espanha,
França, Holanda, Hungria, Itália, Roménia, Suécia, Suíça
América do Sul: Argentina e Brasil
América do Norte, Central e Caraíbas: EUA
África: Egipto

Dream Team do Mundial 1934:
Planicka (CHE);
Allemandi (ITA) e Monzeglio (ITA);
Puc (CHE), Sindelar (AUT) e Monti (ITA);
Conen (ALE), Nejedly (CHE), Schiavio (ITA), Meazza (ITA) e Orsi (ITA).

Melhores Marcadores:
Nejedly (CHE) - 4 Golos
Schiavio (ITA) - 4 Golos
Conen (ALE) - 4 Golos


Onze Base da Campeã Itália

Itália 1934 - O que dizem as bilhardeiras?



"Vitória ou morte"


Frase contida num bilhete direcionado aos jogadores italianos antes da final da Campeonato do Mundo, em jogo contra a Checoslováquia, e assinada pelo ditador Benito Mussolini.

100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 2


Siska e o àrbitro

Confirmando as vitórias alcançadas anteriormente, aquando das visitas ao Porto, o Marítimo vai alcançar a sua mais expressiva vitória de sempre sobre tão categorizado adversário: 7-1. Os golos que tornaram real o sonho de disputar a final foram marcados por António Alves (3), Manuel Ramos (Janota) (2), José Ramos (Zé Pequeno) e António Teixeira ‘Camarão’ (1 cada). O Marítimo realizou um jogo soberbo. "O resultado que o marcador acusa é um perfeitíssimo reflexo da superioridade que (...) os funchalenses tiveram sobre os campeões de Portugal na época transacta. O tremendo azar que os rapazes do Funchal têm tido nos anos anteriores teve ontem a sua recompensa, um prémio que nem por parecer demasiadamente valioso, não deixa de ser justo", escreve-se n´‘Os Sports’ no dia seguinte. A crónica de Ricardo Ornelas, que descreve exaustivamente os principais lances da partida, termina com um apontamento curioso: "O público esteve francamente madeirense. A princípio instigou a ‘vontade’ dos ilhéus; no fim, premiou-os largamente pelo seu trabalho. Esta alma das multidões, há-de ser sempre insondável ..." Ambas ajudam a perceber como aconteceu o triunfo madeirense.
"O Porto perdeu (...) sem discussão. Dos seus onze homens só um se notabilizou, só um mereceu palmas que não foram regateadas e esse um, insuficiente para afirmar uma équipe, por mais brilhantes que sejam as suas qualidades, foi Siska. O Porto ficou assim devendo ao seu keeper o não ter sofrido uma derrota ainda mais expressiva (...)". "Ilídio Nogueira arbitrou mal, francamente mal. Prejudicou o Marítimo. O goal do Porto devia ter sido anulado por incorrecção de Balbino. Uma bola do Marítimo foi anulada por deslocação que jamais existiu. Na grande área do Porto fizeram-se vários fouls e nem um só foi castigado".

A Outra Meia-Final

A outra meia-final disputou-se, como já se disse, entre Belenenses e Olhanense. O jogo teve lugar, no mesmo dia 23 de Maio e terminou com a vitória da formação lisboeta, por 2-1. Apesar de fazer a sua estreia no campeonato de Portugal, o Belenenses alcançou uma vitória justa. No entanto, embora a vantagem no final da primeira parte (1-0) tenha sido ampliada no início do segundo tempo, os belenenses viriam a sentir grandes dificuldades para evitar o empate que o adversário procurou afincadamente após ter reduzido a desvantagem (75 m). O público nortenho fez claque pela formação algarvia. Uma posição que O ‘Notícias Desportivo’ explica assim: "Os olhanenses captaram as simpatias do público por serem mais correctos do que os belenenses, e além disso resistiram muito mais".

Simpatias e Locais

A questão das simpatias do público eram, à data, tidas como elemento que podia condicionar seriamente o jogo das equipas. Havia mesmo exemplos de caricata recusa de presença em jogo oficialmente marcado, só por se admitir que o público poderia deixar de ser ‘imparcial’, isto é, poderia tomar partido por uma das equipas em presença. A experiência acumulada pelos directores da União Portuguesa de Futebol, recomendava, para mais numa prova disputada em eliminatórias de um só jogo, que esta questão fosse tratada de modo adequado, atempado e conveniente. E assim foi feito. Antes do início da fase final da prova, ficou estabelecido que as cidades onde se realizaria a final do campeonato seriam as seguintes: Lisboa – para o caso dos finalistas serem Algarve e Funchal ou Algarve e Porto; Santarém – para o caso Lisboa e Porto; e Porto – para o caso Lisboa e Funchal.

Polémica Azul

Tudo claro, menos para ... o C.F. Beleneneses, que vai opor-se à realização do jogo na cidade do Porto, conforme decorria da referida e atempada decisão da direcção da União. A primeira das razões dessa oposição tinha a ver com o convencimento de que, jogando na capital do Norte, teria sempre de contar com a animosidade do público, tal qual acontecera no jogo da meia-final, frente ao Olhanense. O segundo argumento lisboeta apontava para a previsão ‘natural’ de que esse mesmo público, além de se lhe opor, colocar-se-ia do lado do Marítimo, numa atitude que se entenderia no quadro das rivalidades Lisboa-Porto; as gentes nortenhas prefeririam sempre uma vitória da ‘Ilha’. A vitória da meia-final, sobre o Olhanense, com o público ao lado dos algarvios, poderia ajudar a refutar as ideias ‘azuis’. Mas lá persistiam.

terça-feira, março 23, 2010

O que dizem as bilhardeiras?


Itália 1934 - A Figura

Giuseppe Meazza (Itália)

O Campeonato do Mundo de 1934 parecia destinado a confirmar o austríaco Matthias Sindelar, um driblador de encantos tamanhos que personificava na exactidão o futebol rendilhado e belo da Wunderteam, como o melhor e mais completo jogador do futebol mundial. Contudo, se é certo que o Homem de Papel da Áustria não desiludiu, acabou por ser Giuseppe Meazza, até por força da influência na vitória italiana, a figura maior da prova realizada precisamente em solo transalpino.

Titular indiscutível do Inter de Milão desde os 17 anos, Meazza era um avançado-centro com um talento invulgar. Estas qualidades fizeram com que na Squadra Azurra acabasse muitas vezes por recuar para o meio campo, incumbido por Vittorio Pozzo de armar todo o jogo da equipa e de servir outros "homens-golos" com Schiavio, Elegante, e com um sentido táctico acima da média para a época, Il Peppino compensava as limitações atléticas - media apenas 1,67 m - com a qualidade do seu jogo, à qual de resto, o então país de Mussolini muito ficou a dever à vitória final.

20ª Ronda - Classificação Liga dos Campeões

Parabéns ao Vencedor da Carlsberg Cup.

2009/10 - SL Benfica


2008/09 - SL Benfica

2007/08 - V. Setúbal

segunda-feira, março 22, 2010

Itália 1934 - O Mundial da Propaganda

À desconfiança reinante entre os europeus sobre o Campeonato do Mundo de 1930, no Uruguai, os sul-americanos responderam na mesma moeda, os celestes nem sequer se dignaram a defender o título conquistado neste Mundial de 1934. Apenas Brasil e Argentina participaram na prova, embora enviando equipas maioritariamente constituídas por amadores, ambas as selecções foram eliminadas após um jogo, pois não havia fase de grupos no Mundial de Itália.

Benito Mussolini, aproveitou o Mundial 1934 para difundir o Fascismo.

Este foi o Mundial da propaganda. Benito Mussolini, ditador fascista que mantinha a Itália presa num "colete de forças" da sua ideologia, viu neste Campeonato do Mundo uma oportunidade de ouro para fazer vingar o seu regime, assim como o propagandear pelos quatro cantos do planeta. O Duce ordenou, inclusivamente, que fossem ordenadas as leis nacionais para que jogadores oriundos de outros países pudesssem jogar pela Squadra Azurra. Em 1934, a Itália contou com quatro argentinos e um brasileiro na sua formação.


A equipa da Checoslováquia que atingiu a Final de 1934.

Os quatro países não europeus (Argentina, Brasil, Egipto e EUA) foram eliminados logo nos oitavos de final, os jogos entre selecções do velho continente pautauram-se pelo equilíbrio. A grande machadada na verdade desportiva deste Mundial deu-se nos Quartos de Final, no jogo que opôs a Espanha frente à equipa anfitriã. As arbitragens do belga Baert, no primeiro jogo, e do suíço Rene Mercet, na repetição foram a todos os níveis escandalosas, e no fundo acabaram por provar que muito dificilmente a vitória no torneio fugiria para outra equipa que não a Itália. Há relatos de agressões a pontapé de jogadores italianos sobre os espanhóis perante a complacência do juiz belga. No jogo de repetição ficou marcado como uma das arbitragens mais facciosas da história de um Mundial, com dois golos anulados à Espanha. O árbitro suíço foi prontamente exonerado pela FIFA.



Os jogadores italianos celebram o primeiro título mundial, levando em braços o treinador Vittorio Pozzo, o Vecchio Maestro.

O primeiro dos dois títulos mundiais consecutivos conquistados pela Squadra Azurra, sob a batuta de Vittorio Pozzo, foi disputado no Estádio do Partido Nacional Fascista, apenas a 9 minutos do final a Itália atingiu o empate frente à já extinta Checoslováquia. No prolongamento, os italianos, mais fortes fisicamente e com a moral em alta, um tento de Schiavio bastou para que Mussolini pudesse sorrir e clamar aos quatro ventos o que considerou uma vitória do fascismo e da sua ideologia. Embora a Itália tenha sido favorecida no jogo frente à Espanha, venceu a final por mérito próprio, mesmo perante a alegada iminência de sofrerem graves represálias do regime, em caso de derrota.

Final, 10 de Junho de 1934, Roma
Itália 2 - 1 Checoslováquia (a.p.)
Orsi 81', Schiavio 95'; Puc 76'

domingo, março 21, 2010

Descubra as Diferenças: Óscar Cardozo vs Jorge Correia


Uruguai 1930 - Nomes & Números

Anfitrião: Uruguai
Vencedor: Uruguai
2º Lugar: Argentina
3º Lugar: Jugoslávia e EUA

Números da Prova:
13 países
18 jogos
70 golos
3.89 média de golos marcados por jogo
434 000 espectadores
24 111 média de espectadores por jogo
1 expulsão
2 auto golos

Participantes:
América do Sul: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Paraguai, Perú e Uruguai.
Europa: Bélgica, França, Jugoslávia e Roménia.
América do Norte, Central e Caraíbas: EUA e México


Dream Team do Mundial 1930:
Thepot (FRA);
Nasazzi (URU), Mascheroni (URU);
Torres (CHL), Fausto (BRA) e Juan Evaristo (ARG);
Peucelle (ARG), Scarone (URU), Stábile (ARG), Cea (URU) e McGhee (EUA).
Melhor Marcador:
Stábile (ARG) - 8 Golos

Onze Base do Campeão Uruguai

Premier League - Capítulo I



História da Premier League
A Premier League é a competição de futebol mais assistida e mais lucrativa do mundo, atraindo os melhores jogadores de todo o planeta. É difícil acreditar que o primeiro chute na bola da Premier League ocorreu somente em 15 de Agosto de 1992.
Os anos 80 foram um mau momento para o futebol inglês. Os estádios estavam em ruínas e o hooliganismo era um comportamento frequente. As equipas inglesas foram banidas da Europa após a morte de 39 adeptos no Estádio Heysel na Bélgica, no jogo do Liverpool contra a Juventus, na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1985. Poucos jogadores, dentro dos maiores do mundo, considerariam jogar em Inglaterra.

Reestruturação radical
Perante o grande custo para implementar as recomendações e a preocupação crescente com a incapacidade de atrair jogadores de qualidade, havia uma frustração cada vez maior por parte dos grandes clubes. Já em 1988, 10 clubes tinham ameaçado se afastar para tirar vantagem dos altos lucros obtidos com as transmissões pela televisão.
Era necessário realizar uma reestruturação radical nos clubes ingleses, e o jogo devia se desenvolver e prosperar.
O “Acordo dos Membros Fundadores” foi assinado em 17 de julho de 1991, determinando os princípios básicos para a criação da Premier League. A Premier League teria independência comercial da Liga Inglesa de Futebol e da FA, tendo liberdade para organizar suas próprias transmissões e acordos de patrocínio.
No dia 20 de fevereiro de 1992, a primeira divisão de clubes foi recriada a partir da Liga Inglesa de Futebol e, 3 meses depois, a Premier League foi instituída como companhia limitada.


A liga decidiu tomar a medida radical de conceder os direitos de televisão para a Sky TV. Naquele momento, cobrar aos adeptos para assistir a um desporto transmitido pela televisão era um conceito relativamente novo. Contudo, a combinação da oferta de futebol de qualidade e a estratégia de marketing da Sky fez com que o valor da Premier League disparasse. O acordo inicial foi fechado em £191 milhões por 5 anos. A Sky e a Setanta pagaram o valor notável de £1.7bilhões, para transmitir os jogos de 2007 a 2010.

Formação e desenvolvimento
O patrocínio também desempenhou um papel fundamental. Em 1993, a Carling pagou £12 milhões por 4 anos e o campeonato ficou conhecido como FA Carling Premiership. Eles renovaram o patrocínio por mais 4 anos, pagando um aumento de 300%. Em 2001, a Barclaycard tornou-se a nova patrocinadora, por um valor de £48 milhões por 3 anos. O banco Barclays assumiu em 2004, pagando o preço renovado para 2007 no valor de £65.8milhões por 3 temporadas.
O aumento no facturamento fez com que os clubes ingleses pudessem competir numa escala global, em relação a transferências, de preços e salários, um factor importante que permitiu a actuação de alguns dos melhores jogadores estrangeiros na Barclays Premier League.
Em 1992, havia somente 11 jogadores que não eram britânicos ou irlandeses na Premier League. Em 2007, esse número saltou para 250. Com o passar dos anos, jogadores estrangeiros ajudaram a formar e a desenvolver o estilo de jogo britânico. Da mesma maneira, técnicos estrangeiros ansiavam por trabalhar na Inglaterra. Os métodos usados por técnicos como Arsène Wenger, Gerrard Houllier e Ruud Gullit tiveram um grande impacto.
A Premier League iniciou-se com 22 clubes. Porém sempre houve a intenção de reduzir o número para 20, com o fim de promover o desenvolvimento e a excelência no clube e em nível internacional. Este objectivo foi alcançado no final da temporada de 1994/95, quando 4 clubes foram despromovidos e somente 2 subiram.
A promoção do Hull City e do Stoke City em 2008, transformou-os nos clubes 41º e 42º a entrarem para a Premier League. A equipa de maior sucesso na história da Premier League é, sem sombra para dúvidas, o Manchester United. O clube de Alex Ferguson venceu um número incrível de 10 títulos e nunca terminou abaixo do 3º lugar desde que a Premier League foi lançada em 1992.

Uruguai 1930 - O que dizem as bilhardeiras?


"Falam que não sabíamos jogar futebol, que fomos campeões de mentira, mas quem fala assim nunca viu jogar Iriarte."


Ernesto Mascheroni, campeão do mundo pelo Uruguai.

100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 1


Campeão de Portugal
Confirmando as potencialidades evidenciadas pelas suas equipas ao longo dos tempos, o Marítimo vai alcançar, na época 1925/26, aquele que ainda hoje é considerado o maior feito desportivo alguma vez interpretado por uma equipa madeirense – a conquista do título de campeão de Portugal de futebol. Campeão da Madeira pela quinta vez consecutiva, o clube caminha para a conquista do título máximo do futebol português com confiança. Essa confiança baseava-se na certeza de que a sua equipa de Honra seria capaz de fazer frente a qualquer formação continental. E ainda na profunda convicção de que os intensos e arriscados preparativos que vinham marcando a actividade da equipa nas últimas épocas conduziriam a resultados positivos. Dentro dos campos em que se jogou essa conquista – do apuramento do campeão da Madeira ao título de campeão nacional – o Marítimo sofreu para vencer. Não admira que assim tenha sido. Os adversários locais melhoravam a sua actividade, com o objectivo legítimo de alcançarem os títulos que o Marítimo tradicionalmente conquistava. A nível nacional todos os contendores já tinham conhecido, nas mais diversas formas, momentos e circunstâncias, o valor do futebol do Marítimo. Sabiam que a todo o momento as derrotas anteriores poderiam ser transformadas em vitórias .

Passaporte à Mão

A conquista do título de campeão da Madeira de 1925/26, terá sido uma das mais difíceis, entre todas as alcançadas pelo Marítimo até então. No final da prova, Marítimo e União têm o mesmo número de pontos. É necessário realizar um jogo ‘extra’ para determinar quem será o vencedor. Joga-se uma partida emocionante, vivida intensamente, dentro e fora das quatro linhas, até ao último momento. Até esse último momento, o União esteve a ganhar. Mas faltava o tempo suficiente para um golo ‘milagroso’. Acontece um ‘despejo’ para cima da baliza do União. António Alves e José Ramos (Zé Pequeno) lançam-se à bola, fazendo-a entrar na baliza. Os jogadores do União reclamam ‘mão’ de Zé Pequeno. Mas o árbitro não vislumbra qualquer irregularidade e sanciona o tento. Vai-se para prolongamento. O Marítimo vence por 3-0. O União protesta e recorre para a direcção da Associação de Futebol. Nada feito – o golo fora validado pelo árbitro. Não havia mais nada a acrescentar – o campeão era o Marítimo.
Meia-Final com o Porto

... E a 14 de Maio de 1926, a bordo do vapor ‘S. Miguel’, o Marítimo parte para aquela que será a sua quarta presença no campeonato de Portugal. O presidente da direcção, Joaquim Quintino Travassos Lopes, e o vogal João de Araújo, dirigem a caravana. No jogo da meia-final vão encontrar-se Marítimo e Porto, campeões da Madeira e do Norte, respectivamente. O jogo disputa-se no Campo Grande, em Lisboa, arbitrado por Ilidio Nogueira. A outra meia-final opõe, no campo do Ameal, no Porto, os campeões de Lisboa e do Sul, respectivamente Belenenses e Olhanense. O Diário de Notícias de Lisboa diz, na sua edição de 23 de Maio de 1926 que a equipa nortenha "é entre todos o melhor favorito. É o actual detentor do título e o único dos clubes portugueses que tem participado em todos os campeonatos já realizados". Ao Marítimo é reconhecido que em todas três participações anteriores na prova "tem sido manifestamente infeliz". E questiona: "Sê-lo-á hoje mais uma vez? Desconhecem-se um pouco as suas possibilidades; e do jogo que vai travar com o Porto, sabe-se apenas que este último deve ser um adversário difícil".

Vitória esclarecedora

Confirmando as vitórias alcançadas anteriormente, aquando das visitas ao Porto, o Marítimo vai alcançar a sua mais expressiva vitória de sempre sobre tão categorizado adversário: 7-1. Os golos que tornaram real o sonho de disputar a final foram marcados por António Alves (3), Manuel Ramos (Janota) (2), José Ramos (Zé Pequeno) e António Teixeira ‘Camarão’ (1 cada). O Marítimo realizou um jogo soberbo. "O resultado que o marcador acusa é um perfeitíssimo reflexo da superioridade que (...) os funchalenses tiveram sobre os campeões de Portugal na época transacta. O tremendo azar que os rapazes do Funchal têm tido nos anos anteriores teve ontem a sua recompensa, um prémio que nem por parecer demasiadamente valioso, não deixa de ser justo", escreve-se n´‘Os Sports’ no dia seguinte. A crónica de Ricardo Ornelas, que descreve exaustivamente os principais lances da partida, termina com um apontamento curioso: "O público esteve francamente madeirense. A princípio instigou a ‘vontade’ dos ilhéus; no fim, premiou-os largamente pelo seu trabalho. Esta alma das multidões, há-de ser sempre insondável ..."

sábado, março 20, 2010

Uruguai 1930 - A Figura

Guillermo Stábile (Argentina)

Primeiro jogador da história dos campeonatos do mundo a rubricar um hat trick e também o primeiro melhor marcador da prova, o argentinho Guillermo Stábile fez da facilidade para irromper pela área adversária a principal arma para se afirmar como a figura mais cintilante da edição inaugural do certame.

Quarto de uma família numerosa com dez irmãos, Stábile, que haveria de ficar imortalizado no mundo do futebol como El Filtrador, pela facilidade com que torneava os defesas adversários. Mais um dos finos produtos das ruas de Buenos Aires, local onde, de resto, foi descoberto pelo Hurácan, clube onde se consagrou como um goleador nato. No entanto, apesar dos reconhecidos dotes para marcar golos, Stábile chegou ao Uruguai como suplente de Roberto Cherro, e só mesmo uma estranha crise nervosa deste lhe abriu as portas do onze, frente ao México. Depois? Bem, depois os números não deixam margens para dúvidas: oito golos em apenas quatro jogos, e uma contribuição decisiva para que fosse a Argentina o país a estar na final frente ao todo-poderoso Uruguai. Não ganhou, mas deixou uma marca de categoria incomparável, de tal modo que o Génova, um "monstro" do calcio, não hesitou em puxar os cordões à bolsa para contar com o seu talento.

sexta-feira, março 19, 2010

100 Verde Rubros Anos - Capítulo III, Parte 5


Terceiro Campeonato Nacional
Campeão regional uma vez mais, cabe ao Marítimo disputar o Campeonato de Portugal de 1924/25 em nome da Madeira. O adversário da eliminatória dá-se novamente pelo nome de S. C. Olhanense. A experiência do ano anterior e o amadurecimento da forma como eram encaradas as competições da equipa de Honra, conduzem a uma preparação desta participação com cuidados nunca vistos. A melhor nota dessa realidade é o estágio de quatro dias, realizado na unidade militar de Mafra. Os resultados desse estágio parecem ser os melhores. No jogo da meiafinal, o Marítimo mantém-se na posição de vencedor do encontro até quinze minutos do final. A forte equipa olhanense, campeã em título, está à beira de ser eliminada. Mas os madeirenses acabariam por consentir uma (quase) inexplicável derrota por 4-2. O objectivo de alcançar a final do Campeonato nunca estivera tão perto. E a desilusão dessa falha marca a equipa que, antes do regresso ao Funchal, desloca-se ao reduto do Barreirense, onde consente um empate a três bolas.

Olhanense na Madeira

Tendo eliminado o Marítimo do Campeonato de Portugal nesta época e na anterior, o Olhanense era uma formação admirada na Madeira. A ideia de trazer a formação algarvia à Madeira desperta entusiasmo. E assim vai acontecer em Julho de 1925, a convite do Marítimo. Nos quatro jogos disputados, os algarvios vão vencer por duas vezes (4-1 ao União e 3-1 ao ‘Misto’ regional) e perder por outras tantas, frente ao Marítimo (4-3 e 3-1). Estes resultados não conduzem à conquista de títulos. Mas é inegável que tinham um significado muito especial – a confirmação da possibilidade de, em circunstâncias normais, o Marítimo poder bater as formações continentais mais fortes. É precisamente o que vai acontecer na seguinte participação no Campeonato de Portugal, com a conquista do ansiado título.

Simpatia Académica

A época da conquista do título nacional começa com uma vitória bem mais singela, mas nem por isso menos importante. Os estudantes do Liceu do Funchal elegem, na sua festa anual (30 de Novembro de 1925), o Marítimo como vencedor da taça ‘Academia Funchalense’. Esta eleição, alcançada com uma grande maioria de votos, demonstrava que os feitos do ‘clube dos marítimos’ tinham permitido consolidar solidamente a simpatia que a generalidade da população madeirense lhe dedicava desde o primeiro ano da fundação. À beira de se sagrar Campeão de Portugal, as equipas verde-rubras são ainda constituídas principalmente por elementos com origem na classe marítima, mas os seus êxitos são património da generalidade da sociedade madeirense, que por eles nutre simpatia e carinho especiais. Em 15 anos de vida, o que fora um sonho de ‘marítimos’ era agora uma firme realidade da sociedade madeirense. Não admira, pois, que o telegrama a anunciar a conquista do título de Campeão de Portugal comece precisamente com as seguintes palavras: ‘Hurrah! A Madeira venceu por 2-0’.

Rodagem Importante

Com o objectivo de preparar melhor a equipa para a previsível participação nacional de 1925/26, a Direcção do clube, apesar das dificuldades financeiras daí resultantes, organiza a deslocação de duas formações estrangeiras – representantes de ‘escolas’ futebolísticas totalmente distintas – ao Funchal. A primeira dessas formações é o Szombathely A.K., grupo de semiprofissionais húngaros que vem até nós realizar cinco jogos. Com um futebol feito de passes curtos mas bonito e eficiente, os húngaros impõem duas derrotas ao Marítimo (4-1 e 2-1) e cedem-lhe um empate (2-2). O União e o Madeira são derrotados por 3-1 e 7-0, respectivamente. O S.K. Minerva é a segunda dessas formações. Praticantes de um jogo largo e muito influenciado pela acção dos extremos, os alemães tinham um futebol oposto ao dos húngaros, mas mais aproximado ao que era praticado pelo Marítimo. Talvez essas características tenham ajudado o clube a obter, desta feita, melhores resultados – em três jogos alcança dois empates (5-5 e 2-2) e vence o último por 3-1. No outro encontro os alemães batem um ‘Misto’ Nacional – Madeira por 3-1. O caminho que iria conduzir ao título de Campeão de Portugal tinha sido preparado da melhor forma possível.

Uruguai 1930 - O Sonho Tornado Realidade

Foram precisas duas décadas e meia para que Jules Rimet, o então presidente da FIFA, um homem que apesar das contrariedades nunca abandonou o seu sonho, conseguisse fazer vingar a ideia de criar uma competição mundial de futebol para selecções. Em 1928, numa reunião do Comité Executivo da FIFA, convenceu os seus pares a darem luz verde à realização do primeiro campeonato mundial de futebol.

Jules Rimet, o homem que idealizou o Campeonato do Mundo

Com pouco mais de um ano para preparar o evento, a realizar em solo uruguaio, Rimet e a FIFA decidiram que não existiria qualquer qualificação, sendo as selecções convidadas a participar na prova. Mas se na América do Sul foi mais ou menos fácil convencer os países a enviarem a sua comitiva, na Europa a tarefa revelou-se bem mais complicada. A esmagadora maioria dos convidados declinou a chamada, torcendo o nariz ao facto de terem de atravessar o Atlântico quando o mundo estava mergulhado numa grave crise económica. Do velho continente, apenas responderam à chamada Jugoslávia, Bélgica, França e Roménia.

A primeira final foi disputada entre Uruguai e Argentina no Estádio Centenário.

Os grandes candidatos ao ceptro de campeão do mundo, Uruguai e Argentina, cumpriram e chegaram à final. No estádio centenário, uma final memorável com o estádio a rebentar pelas costuras, começou melhor a Argentina, que chegava ao intervalo a vencer por 2-1. Mas, ao génio de Stábile (ARG), respondeu o carisma e a força de José Nassazi (URU). O defesa e capitão dos celestes era também o responsável pelas tácticas, numa época em que muitos dos treinadores não passavam de meros preparadores físicos. Um futebol de grande alma ofensiva e onde não eram permitidos passes para trás, acabou por encostar os argentinos às cordas, permitindo uma inesquecível reviravolta. Ao apito final do árbitro belga John Langenus, foram os uruguaios a fazer a festa.

Uruguai: Vencedor da 1ª edição do Campeonato do Mundo

Nasazzi, em lágrimas foi o primeiro capitão a erguer a "Deusa das Asas de Ouro", o tão almejado troféu de campeão do mundo. O Uruguai, que já havia vencido os dois anteriores torneios da modalidade nos Jogos Olímpicos, pequeno país da América do Sul, confirmou assim o estatuto de primeira grande potência do futebol mundial.

Final, 30 de Julho de 1930, Montevideu
Uruguai 4 - 2 Argentina
Dorado 12', Cea 57', Iriarte 68', Castro 89'; Peucelle 20' e Stábile 37'