Zizinho, médio da selecção brasileira
quarta-feira, março 31, 2010
Brasil 1950 - O que dizem as bilhardeiras?
Zizinho, médio da selecção brasileira
Brasil 1950 - A Figura
Com um talento que mereceu a atenção do escritor Nelson Rodrigues - "Varela não ata as chuteiras com cardaços mas com as veias" -, o centrocampista que fez história no Peñarol, teve no Campeonato do Mundo de 1950 (ainda participou no de 1954) a prova à altura do seu estatuto. Foi ele, como líder dentro das quatro linhas e armador de jogo, o grande responsável pelo sucesso da equipa naquele Verão que ficou sempre marcado na memória dos brasileiros. Célebre foi a forma como incentivou os companheiros face ao ambiente adverso que os esperava no Maracanã: "Olhem só para a relva, pois é na relva que vamos ganhar e não nas bancadas!".
100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 5
Na primeira vez que o Marítimo vai à grande área azul é cometida grande penalidade. Não assinalada. José Ramos (Zé Pequeno) executa um cruzamento de que "nada resulta – senão uma mão da defesa belenenses, dentro da grande área mas que o árbitro não castiga", escreve-se n´‘Os Sports’. Este lance terá representado o início da ‘revolta’ madeirense contra o domínio lisboeta. Pouco depois será cometida nova grande penalidade pelo Belenenses. Não convertida. O intervalo chegaria com o resultado em branco, por falha dos verde-rubros. Antes do regresso às cabinas, Ortega lesionara-se em disputa de bola com um avançado azul e precisou ser socorrido. O jogo esteve interrompido por alguns momentos. Mas o final da primeira parte traz um domínio claro e perigoso do Marítimo.
Aproveitar Oportunidades
Na segunda parte foram os de Lisboa os primeiros a desperdiçar magnífica oportunidade para apontarem o primeiro tento da partida. O capitão belenense, Augusto Silva, ‘manda’ no jogo ... Na resposta, será obtido primeiro golo do Marítimo. É apontado um livre (a castigar o que é considerada a ‘maldade’ belenense) que vai embater na trave; na recarga surge o primeiro tento da partida, da autoria de José Fernandes (Bisugo). Estavam decorridos 10 minutos da segunda parte. Poucos minutos depois acontece o segundo golo. O extremo esquerdo do Marítimo recebe a bola do seu médio e efectua um magnífico centro. A bola é recolhida por José Ramos (Zé Pequeno), completamente isolado, que aponta sem hipótese de defesa para o guarda-redes lisboeta.
Reagindo a total despropósito a este segundo golo, o capitão do Belenenses dirige-se ao árbitro, "segurando- o violentamente por um braço", como se pode ler na crónica do Diário de Notícias de Lisboa do dia seguinte ao jogo. E insultando-o, como o próprio viria a declarar. É ordenada a expulsão do capitão azul. Esta decisão não é respeitada. Augusto Silva insiste em manter-se em campo. O juiz da partida, impossibilitado de outra acção, consulta os dirigentes da União que assistem ao encontro, deslocando-se à respectiva tribuna. No regresso ao campo, volta a solicitar a saída de campo do jogador lisboeta. E volta a ser desobedecido. A situação caminha para um aparente impasse. Não se vislumbra outra solução que não seja a de dar o jogo por acabado. E considerar o Marítimo vencedor.
Público aplaude Marítimo
Apesar de desiludido com o desfecho antecipado da partida, o público compreende e acata a decisão do árbitro. Os jogadores do Belenenses retiram- se, finalmente, de campo. Os do Marítimo festejam entre si e são saudados por toda a assistência. Era o justo tributo aos vencedores. Mas, é a altura de se esclarecer, a propósito da polémica alimentada pelos belenenses quanto às preferências e isenção dos espectadores, que a imprensa da época é unânime na consideração de que, antes e no decurso da partida, os aplausos premiaram os melhores lances e os seus intérpretes, independentemente das cores das camisolas. Completamente convencidos das condições normais em que o jogo se disputou e sem qualquer argumento válido para contradizer a decisão do árbitro em dar o encontro por terminado, os responsáveis do Belenenses declaram, no final da partida, que não vão protestar o jogo… Os festejos da vitória verde-rubra começam logo no final da partida. Os jogadores madeirenses são levados em triunfo até ao hotel onde estavam alojados. Sucedem-se os cumprimentos e as felicitações de particulares e entidades oficiais.
terça-feira, março 30, 2010
Onze da Jornada 24
G - Berger (Leixões) - 6 Pontos
D - Luisão (Benfica) - 15 Pontos
D - Rolando (FCPorto) - 9 Pontos
D - Tengarrinha (Olhanense) - 7 Pontos
M - Tchô (Marítimo) - 7 Pontos
M - Neca (V. Setúbal) - 7 Pontos
M - Rui Miguel (V. Guimarães) - 7 Pontos
M - Vítor Gomes (Rio Ave) - 6 Pontos
A - Djalmir (Olhanense) - 12 Pontos
A - Cássio (U. Leiria) - 8 Pontos
A - Keita (V. Setúbal) - 7 Pontos
Pontos Totais (sem capitão) - 91 Pontos
Pontos Totais (com Luisão a capitão) - 106 Pontos
Brasil 1950 - "Maracanazzo"
Na poule final, o Brasil que contava com Ademir, Jair e Zizinho, parecia embalado para o título, apenas o Uruguai poderia fazer-lhes frente. Após a conjunção de resultados do Grupo (Brasil, Espanha, Suécia e Uruguai), o Brasil partia para o último jogo, frente ao Uruguai, apenas necessitando de um empate para se sagrar pela primeira vez Campeão Mundial. E que melhor cenário para o conseguir que um Maracanã com 200 mil ferverosos espectadores? O Brasil adiantou-se no marcador por Friaça, porém o Uruguai mais forte fisicamente por ter disputado menos jogos, conseguiu uma reviravolta notável com golos de Schiaffino e Ghiggia. A derrota do escrete, foi tão traumática, que o Brasil não disputou jogos em casa nos 4 anos seguintes. Por outro lado, o 16 de Julho ainda hoje é celebrado no Uruguai. É dia de... Maracanazzo!
Jogo Decisivo, 16 de Julho de 1950, Rio de Janeir0
Brasil 1-2 Uruguai
Friaça 47'; Schiaffino 66' e Ghiggia 79'
segunda-feira, março 29, 2010
França 1938 - Nomes & Números
Onze Base da Campeã Itália
França 1938 - O que dizem as bilhardeiras?
domingo, março 28, 2010
França 1938 - A Figura
Geralmente o critério que preside à eleição do melhor jogador de um Campeonato do Mundo obriga à escolha do elemento que mais influência teve no percurso da equipa campeã. Tal como Stábile em 1930 ou o húngaro Puskas em 1954, neste mundial o brasileiro Leônidas foi uma excepção à regra.
O Brasil foi eliminado nas meias-finais, com a Itália por 2-1, mas... sem Leônidas. Com o jogador extremamente desgastado devido à dureza do jogo anterior, frente à Checoslováquia, o seleccionador canarinho achou por bem fazê-lo descansar e... perdeu. O que teria acontecido se Leônidas, melhor marcador da prova com oito golos, tivesse jogado? Impediria o bis da Itália? Seria esta a primeira Copa do Brasil? Não se sabe, mas não faltou quem o afirmasse.
Ficou na história da competição por ter marcado quatro golos num só jogo, no 6-5 frente à Polónia, curiosamente num desafio em que um polaco conseguiu tal feito.
Considerado como o inventor do pontapé de bicicleta - facto que, humildemente, sempre tentou negar - Leônidas era um jogador desconcertante, veloz, elástico até, de tal forma que ficou conhecido no mundo do futebol como o Homem de Borracha.
100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 4
Os argumentos do Belenenses para não disputar a final do campeonato no Porto eram, pelo menos em parte, descabidos. Compreende-se que não houvesse a melhor das disposições para enfrentar as animosidades dos espectadores nortenhos. Mas querer com isso significar que o apoio seria dedicado ao Marítimo não passava de mera presunção. Derrotados copiosamente na meia-final (os tais 7-1), que ‘estômago’ teriam os portistas para apoiar o ... ‘carrasco’ do seu clube campeão?
Essas anteriores vitórias do Marítimo na capital do Norte eram um bom prenúncio. E, finalmente assente o dia da realização do jogo (6 de Junho, uma semana depois da data inicialmente prevista), o Marítimo deixa Lisboa, onde permanecia desde a disputa da meia-final, com um único objectivo: conquistar o título máximo do futebol português. O jogo terá lugar no Campo do Ameal. Cabe ao portuense José Guimarães arbitrar. As equipas apresentam as seguintes formações: Marítimo: Ortega; António Sousa (Ranfão) e José Correia (Mariasinha); Domingos Vasconcelos (Beiçolinhas) (cap.), Francisco Lopes (Fancheca) e José Sousa (Patas); José Ramos (Zé Pequeno), António Alves, António Teixeira (Camarão), Manuel Ramos (Janota) e José Fernandes (Bisugo). Belenenses: Assis; Azevedo e Morais; Almeida, Augusto Silva (cap.) e César; António, Rodolfo, Severo, Pepe e Ramos.
O ambiente que rodeia o jogo é fantástico. "O aspecto do campo quando faltam poucos minutos para começar o encontro é magnífico", relata o correspondente d´‘Os Sports’. E prossegue: "Camarotes, bancadas, recinto dos peões – tudo a transbordar. Respira-se a atmosfera de ansiedade; pelo interesse do jogo e pela curiosidade de presenciar a atitude do público". Quando falta muito pouco para as 16 horas, o Marítimo entra em campo. É acolhido com simpatia. Os jogadores madeirenses correspondem com ‘hurras’. Surge o Belenenses. Os lisboetas são saudados com a mesma cortesia. "Desanuviam-se os espíritos mais receosos", escreve o jornalista d´‘Os Sports’, que sublinha o facto dos jogadores belenenses corresponderem às saudações que lhes foram dirigidas. Os receios lisboetas sobre o favoritismo do público revelam-se, para já, infundados.
O encontro começa com um Belenenses francamente atacante. O embate entre a sua linha avançada e a 59 Apontamento do primeiro golo do Marítimo sobre o Belenenses, apontado por Bisugo. Zé Pequeno aponta o segundo golo do Marítimo. Os belenenses ‘perdem a cabeça’ e vão acabar por abandonar o campo. defesa maritimista começa a pender a seu favor. Parece que o objectivo dos lisboetas é resolver a partida logo no seu início. Ortega entra em acção primeiro que o seu par belenense. O jogo endurece. São frequentes os despiques corpo a corpo. A linhas defensiva e média do Marítimo tentam sacudir a pressão colocando a bola o mais longe possível. De tudo isto resulta um futebol mais emotivo que agradável. O Belenenses, mesmo sem jogar bem, domina a partida, malgrado não conseguir criar situações óptimas para a finalização.
França 1938 - Itália Vezes Dois
sábado, março 27, 2010
sexta-feira, março 26, 2010
100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 3
...Percebe-se melhor a posição dos lisboetas nas palavras do seu director, Salvador do Carmo, publicadas no Sports: "Neutro não pode só ser considerado o campo onde se joga. Neutro tem de ser o próprio público, o ambiente, de forma que não haja qualquer factor que possa ter influência no resultado". E mais à frente, de modo esclarecedor, o mesmo director belenense declara: "O Porto é abertamente contra nós! É declaradamente contra Lisboa!". Pela mesma altura, um dirigente do F. C. Porto declarava ao Diário de Notícias de Lisboa (a propósito do jogo com o Marítimo) que o seu clube não jogaria mais em Lisboa, usando argumentos semelhantes.
Da parte do Marítimo a situação é, desde o princípio, clara. O jogo está antecipadamente marcado e essa determinação deve prevalecer sobre a vontade de qualquer um dos finalistas. Mas o Marítimo joga onde a ‘União’ mandar ... O Dr. António Pita, delegado do clube junto da ‘União’, afiança, na mesma edição do ‘Sports’, que "o Marítimo é um clube disciplinado, joga onde a ‘União’ o mandar jogar. Nisto se resume a sua atitude". Uma posição complementada com 57 Os capitães Domingos Vasconcelos (Marítimo) e Augusto Silva (Belenenses), na antevisão ao encontro da final. a seguinte declaração: "Mas a ‘União’ há-de mandar! Porque o Marítimo não entra em negociações. Acata ordens ... mais nada". Face à insistência do jornalista, o delegado do Marítimo confirma a disponibilidade do clube para jogar em qualquer lado. Mesmo em Lisboa. "Mas o que queremos também é que a União cumpra os Regulamentos. Se não o fizer, lá estaremos a pedir-lhes responsabilidades. A não ser ... que ela tenha justificado previamente o seu procedimento", esclarece António Pita.
Hesitações e Adiamento
Esta posição é, de algum modo, coincidente com a posição assumida pelo Belenenses, que pela voz de Salvador Pais, garante disponibilidade do clube azul para jogar em qualquer parte. Excepto na cidade onde o jogo deveria, por força regulamentar, realizar-se. A hipótese de jogar no Funchal, tão irrealista quanto indesejada, chega a ser admitida pelo dirigente belenense. Qualquer outra cidade do país – a do Porto excluída – seria incondicionalmente aceite. Em último caso ... pois que se atravessasse o Atlântico, rumo à Madeira. O certo é que, independentemente da manifesta impossibilidade de alterar o local previamente determinado para disputar a final, o Belenenses, fazendo uso de uma força estranha à regulamentação, conseguiu impor o adiamento do jogo por uma semana.
Entretanto, Augusto Silva, ‘capitão’ do campeão de Lisboa, vai melhorando da grave lesão sofrida num braço. A qual o tinha impedido de marcar presença no jogo com o Olhanense. Na antevisão do Diário de Notícias de Lisboa (23/5/26) dessa meia-final entre Belenenses e Olhanense, pode ler-se que ‘o desastre sucedido a Augusto Silva enfraqueceu sobremaneira o seu onze de honra’. A lesão do jogador belenense aconteceu na disputa do jogo de qualificação para as meias-finais, frente ao Sporting de Espinho. Com a semana de adiamento da final a disputar com o Marítimo, Augusto Silva recupera e vai marcar presença no jogo. E nela terá um papel, para o bem e para o mal, determinante.
quinta-feira, março 25, 2010
Taça Tahiti - Quartos de Final - 2ª Mão
¡Feliz Cumpleaños!
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"La cucaracha, la cucaracha
Ya no puede caminar
Porque no tiene, porque le falta
La patita principal"
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Entrada en la Liga
Fula FC - 2007/08 - Fundador de la Liga de Tahití
Fula FC - 2007/08 - 7º Lugar
Copa de Tahití
Fula FC - 2007/08 - Cuartos de Final
Otras Curiosidades (desde 2007)
Semanas como líder - 0
Semanas como linterna roja - 9
Ganador de la Jornada - 3 veces
Pior de la Jornada - 8 veces
Pontuación más alta - 60 Puntos
Pontuação más baja - 0 Puntos (equipo no válido)
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"La cucaracha, la cucaracha
Ya no puede caminar
Porque no tiene, porque le falta
Marihuana pa' fumar"
quarta-feira, março 24, 2010
Itália 1934 - Nomes & Números
Números da Prova
16 Países
17 Jogos
70 Golos
4.12 Média de Golos por jogo
395 000 Espectadores
23 235 Média de Espectadores por Jogo
1 Expulsão
0 Auto Golos
Participantes:
Europa: Alemanha, Áustria, Bélgica, Checoslováquia, Espanha,
França, Holanda, Hungria, Itália, Roménia, Suécia, Suíça
América do Sul: Argentina e Brasil
América do Norte, Central e Caraíbas: EUA
África: Egipto
Dream Team do Mundial 1934:
Planicka (CHE);
Allemandi (ITA) e Monzeglio (ITA);
Puc (CHE), Sindelar (AUT) e Monti (ITA);
Conen (ALE), Nejedly (CHE), Schiavio (ITA), Meazza (ITA) e Orsi (ITA).
Melhores Marcadores:
Nejedly (CHE) - 4 Golos
Schiavio (ITA) - 4 Golos
Conen (ALE) - 4 Golos
Onze Base da Campeã Itália
Itália 1934 - O que dizem as bilhardeiras?
Frase contida num bilhete direcionado aos jogadores italianos antes da final da Campeonato do Mundo, em jogo contra a Checoslováquia, e assinada pelo ditador Benito Mussolini.
100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 2
Siska e o àrbitro
Confirmando as vitórias alcançadas anteriormente, aquando das visitas ao Porto, o Marítimo vai alcançar a sua mais expressiva vitória de sempre sobre tão categorizado adversário: 7-1. Os golos que tornaram real o sonho de disputar a final foram marcados por António Alves (3), Manuel Ramos (Janota) (2), José Ramos (Zé Pequeno) e António Teixeira ‘Camarão’ (1 cada). O Marítimo realizou um jogo soberbo. "O resultado que o marcador acusa é um perfeitíssimo reflexo da superioridade que (...) os funchalenses tiveram sobre os campeões de Portugal na época transacta. O tremendo azar que os rapazes do Funchal têm tido nos anos anteriores teve ontem a sua recompensa, um prémio que nem por parecer demasiadamente valioso, não deixa de ser justo", escreve-se n´‘Os Sports’ no dia seguinte. A crónica de Ricardo Ornelas, que descreve exaustivamente os principais lances da partida, termina com um apontamento curioso: "O público esteve francamente madeirense. A princípio instigou a ‘vontade’ dos ilhéus; no fim, premiou-os largamente pelo seu trabalho. Esta alma das multidões, há-de ser sempre insondável ..." Ambas ajudam a perceber como aconteceu o triunfo madeirense.
"O Porto perdeu (...) sem discussão. Dos seus onze homens só um se notabilizou, só um mereceu palmas que não foram regateadas e esse um, insuficiente para afirmar uma équipe, por mais brilhantes que sejam as suas qualidades, foi Siska. O Porto ficou assim devendo ao seu keeper o não ter sofrido uma derrota ainda mais expressiva (...)". "Ilídio Nogueira arbitrou mal, francamente mal. Prejudicou o Marítimo. O goal do Porto devia ter sido anulado por incorrecção de Balbino. Uma bola do Marítimo foi anulada por deslocação que jamais existiu. Na grande área do Porto fizeram-se vários fouls e nem um só foi castigado".
A Outra Meia-Final
A outra meia-final disputou-se, como já se disse, entre Belenenses e Olhanense. O jogo teve lugar, no mesmo dia 23 de Maio e terminou com a vitória da formação lisboeta, por 2-1. Apesar de fazer a sua estreia no campeonato de Portugal, o Belenenses alcançou uma vitória justa. No entanto, embora a vantagem no final da primeira parte (1-0) tenha sido ampliada no início do segundo tempo, os belenenses viriam a sentir grandes dificuldades para evitar o empate que o adversário procurou afincadamente após ter reduzido a desvantagem (75 m). O público nortenho fez claque pela formação algarvia. Uma posição que O ‘Notícias Desportivo’ explica assim: "Os olhanenses captaram as simpatias do público por serem mais correctos do que os belenenses, e além disso resistiram muito mais".
Simpatias e Locais
A questão das simpatias do público eram, à data, tidas como elemento que podia condicionar seriamente o jogo das equipas. Havia mesmo exemplos de caricata recusa de presença em jogo oficialmente marcado, só por se admitir que o público poderia deixar de ser ‘imparcial’, isto é, poderia tomar partido por uma das equipas em presença. A experiência acumulada pelos directores da União Portuguesa de Futebol, recomendava, para mais numa prova disputada em eliminatórias de um só jogo, que esta questão fosse tratada de modo adequado, atempado e conveniente. E assim foi feito. Antes do início da fase final da prova, ficou estabelecido que as cidades onde se realizaria a final do campeonato seriam as seguintes: Lisboa – para o caso dos finalistas serem Algarve e Funchal ou Algarve e Porto; Santarém – para o caso Lisboa e Porto; e Porto – para o caso Lisboa e Funchal.
Polémica Azul
Tudo claro, menos para ... o C.F. Beleneneses, que vai opor-se à realização do jogo na cidade do Porto, conforme decorria da referida e atempada decisão da direcção da União. A primeira das razões dessa oposição tinha a ver com o convencimento de que, jogando na capital do Norte, teria sempre de contar com a animosidade do público, tal qual acontecera no jogo da meia-final, frente ao Olhanense. O segundo argumento lisboeta apontava para a previsão ‘natural’ de que esse mesmo público, além de se lhe opor, colocar-se-ia do lado do Marítimo, numa atitude que se entenderia no quadro das rivalidades Lisboa-Porto; as gentes nortenhas prefeririam sempre uma vitória da ‘Ilha’. A vitória da meia-final, sobre o Olhanense, com o público ao lado dos algarvios, poderia ajudar a refutar as ideias ‘azuis’. Mas lá persistiam.
terça-feira, março 23, 2010
Itália 1934 - A Figura
segunda-feira, março 22, 2010
Itália 1934 - O Mundial da Propaganda
O primeiro dos dois títulos mundiais consecutivos conquistados pela Squadra Azurra, sob a batuta de Vittorio Pozzo, foi disputado no Estádio do Partido Nacional Fascista, apenas a 9 minutos do final a Itália atingiu o empate frente à já extinta Checoslováquia. No prolongamento, os italianos, mais fortes fisicamente e com a moral em alta, um tento de Schiavio bastou para que Mussolini pudesse sorrir e clamar aos quatro ventos o que considerou uma vitória do fascismo e da sua ideologia. Embora a Itália tenha sido favorecida no jogo frente à Espanha, venceu a final por mérito próprio, mesmo perante a alegada iminência de sofrerem graves represálias do regime, em caso de derrota.
domingo, março 21, 2010
Uruguai 1930 - Nomes & Números
Vencedor: Uruguai
2º Lugar: Argentina
Números da Prova:
18 jogos
70 golos
Onze Base do Campeão Uruguai
Premier League - Capítulo I
História da Premier League
A Premier League é a competição de futebol mais assistida e mais lucrativa do mundo, atraindo os melhores jogadores de todo o planeta. É difícil acreditar que o primeiro chute na bola da Premier League ocorreu somente em 15 de Agosto de 1992.
Os anos 80 foram um mau momento para o futebol inglês. Os estádios estavam em ruínas e o hooliganismo era um comportamento frequente. As equipas inglesas foram banidas da Europa após a morte de 39 adeptos no Estádio Heysel na Bélgica, no jogo do Liverpool contra a Juventus, na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1985. Poucos jogadores, dentro dos maiores do mundo, considerariam jogar em Inglaterra.
Reestruturação radical
Perante o grande custo para implementar as recomendações e a preocupação crescente com a incapacidade de atrair jogadores de qualidade, havia uma frustração cada vez maior por parte dos grandes clubes. Já em 1988, 10 clubes tinham ameaçado se afastar para tirar vantagem dos altos lucros obtidos com as transmissões pela televisão.
Era necessário realizar uma reestruturação radical nos clubes ingleses, e o jogo devia se desenvolver e prosperar.
O “Acordo dos Membros Fundadores” foi assinado em 17 de julho de 1991, determinando os princípios básicos para a criação da Premier League. A Premier League teria independência comercial da Liga Inglesa de Futebol e da FA, tendo liberdade para organizar suas próprias transmissões e acordos de patrocínio.
No dia 20 de fevereiro de 1992, a primeira divisão de clubes foi recriada a partir da Liga Inglesa de Futebol e, 3 meses depois, a Premier League foi instituída como companhia limitada.
A liga decidiu tomar a medida radical de conceder os direitos de televisão para a Sky TV. Naquele momento, cobrar aos adeptos para assistir a um desporto transmitido pela televisão era um conceito relativamente novo. Contudo, a combinação da oferta de futebol de qualidade e a estratégia de marketing da Sky fez com que o valor da Premier League disparasse. O acordo inicial foi fechado em £191 milhões por 5 anos. A Sky e a Setanta pagaram o valor notável de £1.7bilhões, para transmitir os jogos de 2007 a 2010.
Formação e desenvolvimento
O patrocínio também desempenhou um papel fundamental. Em 1993, a Carling pagou £12 milhões por 4 anos e o campeonato ficou conhecido como FA Carling Premiership. Eles renovaram o patrocínio por mais 4 anos, pagando um aumento de 300%. Em 2001, a Barclaycard tornou-se a nova patrocinadora, por um valor de £48 milhões por 3 anos. O banco Barclays assumiu em 2004, pagando o preço renovado para 2007 no valor de £65.8milhões por 3 temporadas.
O aumento no facturamento fez com que os clubes ingleses pudessem competir numa escala global, em relação a transferências, de preços e salários, um factor importante que permitiu a actuação de alguns dos melhores jogadores estrangeiros na Barclays Premier League.
Em 1992, havia somente 11 jogadores que não eram britânicos ou irlandeses na Premier League. Em 2007, esse número saltou para 250. Com o passar dos anos, jogadores estrangeiros ajudaram a formar e a desenvolver o estilo de jogo britânico. Da mesma maneira, técnicos estrangeiros ansiavam por trabalhar na Inglaterra. Os métodos usados por técnicos como Arsène Wenger, Gerrard Houllier e Ruud Gullit tiveram um grande impacto.
A Premier League iniciou-se com 22 clubes. Porém sempre houve a intenção de reduzir o número para 20, com o fim de promover o desenvolvimento e a excelência no clube e em nível internacional. Este objectivo foi alcançado no final da temporada de 1994/95, quando 4 clubes foram despromovidos e somente 2 subiram.
A promoção do Hull City e do Stoke City em 2008, transformou-os nos clubes 41º e 42º a entrarem para a Premier League. A equipa de maior sucesso na história da Premier League é, sem sombra para dúvidas, o Manchester United. O clube de Alex Ferguson venceu um número incrível de 10 títulos e nunca terminou abaixo do 3º lugar desde que a Premier League foi lançada em 1992.
Uruguai 1930 - O que dizem as bilhardeiras?
"Falam que não sabíamos jogar futebol, que fomos campeões de mentira, mas quem fala assim nunca viu jogar Iriarte."
Ernesto Mascheroni, campeão do mundo pelo Uruguai.
100 Verde Rubros Anos - Capítulo IV, Parte 1
Passaporte à Mão
A conquista do título de campeão da Madeira de 1925/26, terá sido uma das mais difíceis, entre todas as alcançadas pelo Marítimo até então. No final da prova, Marítimo e União têm o mesmo número de pontos. É necessário realizar um jogo ‘extra’ para determinar quem será o vencedor. Joga-se uma partida emocionante, vivida intensamente, dentro e fora das quatro linhas, até ao último momento. Até esse último momento, o União esteve a ganhar. Mas faltava o tempo suficiente para um golo ‘milagroso’. Acontece um ‘despejo’ para cima da baliza do União. António Alves e José Ramos (Zé Pequeno) lançam-se à bola, fazendo-a entrar na baliza. Os jogadores do União reclamam ‘mão’ de Zé Pequeno. Mas o árbitro não vislumbra qualquer irregularidade e sanciona o tento. Vai-se para prolongamento. O Marítimo vence por 3-0. O União protesta e recorre para a direcção da Associação de Futebol. Nada feito – o golo fora validado pelo árbitro. Não havia mais nada a acrescentar – o campeão era o Marítimo.
... E a 14 de Maio de 1926, a bordo do vapor ‘S. Miguel’, o Marítimo parte para aquela que será a sua quarta presença no campeonato de Portugal. O presidente da direcção, Joaquim Quintino Travassos Lopes, e o vogal João de Araújo, dirigem a caravana. No jogo da meia-final vão encontrar-se Marítimo e Porto, campeões da Madeira e do Norte, respectivamente. O jogo disputa-se no Campo Grande, em Lisboa, arbitrado por Ilidio Nogueira. A outra meia-final opõe, no campo do Ameal, no Porto, os campeões de Lisboa e do Sul, respectivamente Belenenses e Olhanense. O Diário de Notícias de Lisboa diz, na sua edição de 23 de Maio de 1926 que a equipa nortenha "é entre todos o melhor favorito. É o actual detentor do título e o único dos clubes portugueses que tem participado em todos os campeonatos já realizados". Ao Marítimo é reconhecido que em todas três participações anteriores na prova "tem sido manifestamente infeliz". E questiona: "Sê-lo-á hoje mais uma vez? Desconhecem-se um pouco as suas possibilidades; e do jogo que vai travar com o Porto, sabe-se apenas que este último deve ser um adversário difícil".
Vitória esclarecedora
Confirmando as vitórias alcançadas anteriormente, aquando das visitas ao Porto, o Marítimo vai alcançar a sua mais expressiva vitória de sempre sobre tão categorizado adversário: 7-1. Os golos que tornaram real o sonho de disputar a final foram marcados por António Alves (3), Manuel Ramos (Janota) (2), José Ramos (Zé Pequeno) e António Teixeira ‘Camarão’ (1 cada). O Marítimo realizou um jogo soberbo. "O resultado que o marcador acusa é um perfeitíssimo reflexo da superioridade que (...) os funchalenses tiveram sobre os campeões de Portugal na época transacta. O tremendo azar que os rapazes do Funchal têm tido nos anos anteriores teve ontem a sua recompensa, um prémio que nem por parecer demasiadamente valioso, não deixa de ser justo", escreve-se n´‘Os Sports’ no dia seguinte. A crónica de Ricardo Ornelas, que descreve exaustivamente os principais lances da partida, termina com um apontamento curioso: "O público esteve francamente madeirense. A princípio instigou a ‘vontade’ dos ilhéus; no fim, premiou-os largamente pelo seu trabalho. Esta alma das multidões, há-de ser sempre insondável ..."
sábado, março 20, 2010
Uruguai 1930 - A Figura
sexta-feira, março 19, 2010
100 Verde Rubros Anos - Capítulo III, Parte 5
Olhanense na Madeira
Tendo eliminado o Marítimo do Campeonato de Portugal nesta época e na anterior, o Olhanense era uma formação admirada na Madeira. A ideia de trazer a formação algarvia à Madeira desperta entusiasmo. E assim vai acontecer em Julho de 1925, a convite do Marítimo. Nos quatro jogos disputados, os algarvios vão vencer por duas vezes (4-1 ao União e 3-1 ao ‘Misto’ regional) e perder por outras tantas, frente ao Marítimo (4-3 e 3-1). Estes resultados não conduzem à conquista de títulos. Mas é inegável que tinham um significado muito especial – a confirmação da possibilidade de, em circunstâncias normais, o Marítimo poder bater as formações continentais mais fortes. É precisamente o que vai acontecer na seguinte participação no Campeonato de Portugal, com a conquista do ansiado título.
Simpatia Académica
A época da conquista do título nacional começa com uma vitória bem mais singela, mas nem por isso menos importante. Os estudantes do Liceu do Funchal elegem, na sua festa anual (30 de Novembro de 1925), o Marítimo como vencedor da taça ‘Academia Funchalense’. Esta eleição, alcançada com uma grande maioria de votos, demonstrava que os feitos do ‘clube dos marítimos’ tinham permitido consolidar solidamente a simpatia que a generalidade da população madeirense lhe dedicava desde o primeiro ano da fundação. À beira de se sagrar Campeão de Portugal, as equipas verde-rubras são ainda constituídas principalmente por elementos com origem na classe marítima, mas os seus êxitos são património da generalidade da sociedade madeirense, que por eles nutre simpatia e carinho especiais. Em 15 anos de vida, o que fora um sonho de ‘marítimos’ era agora uma firme realidade da sociedade madeirense. Não admira, pois, que o telegrama a anunciar a conquista do título de Campeão de Portugal comece precisamente com as seguintes palavras: ‘Hurrah! A Madeira venceu por 2-0’.
Rodagem Importante
Com o objectivo de preparar melhor a equipa para a previsível participação nacional de 1925/26, a Direcção do clube, apesar das dificuldades financeiras daí resultantes, organiza a deslocação de duas formações estrangeiras – representantes de ‘escolas’ futebolísticas totalmente distintas – ao Funchal. A primeira dessas formações é o Szombathely A.K., grupo de semiprofissionais húngaros que vem até nós realizar cinco jogos. Com um futebol feito de passes curtos mas bonito e eficiente, os húngaros impõem duas derrotas ao Marítimo (4-1 e 2-1) e cedem-lhe um empate (2-2). O União e o Madeira são derrotados por 3-1 e 7-0, respectivamente. O S.K. Minerva é a segunda dessas formações. Praticantes de um jogo largo e muito influenciado pela acção dos extremos, os alemães tinham um futebol oposto ao dos húngaros, mas mais aproximado ao que era praticado pelo Marítimo. Talvez essas características tenham ajudado o clube a obter, desta feita, melhores resultados – em três jogos alcança dois empates (5-5 e 2-2) e vence o último por 3-1. No outro encontro os alemães batem um ‘Misto’ Nacional – Madeira por 3-1. O caminho que iria conduzir ao título de Campeão de Portugal tinha sido preparado da melhor forma possível.